Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…
RESKILLING
O que é: Reskilling é algo como uma requalificação profissional, ou seja, o treinamento em outra área diversa da qual se é especialista.
Nos últimos anos, o termo vem sendo abordado com força ao lado de outro correlato, o Upskilling — um aprimoramento na mesma área de atuação — por causa dos avanços tecnológicos e da automação no mercado de trabalho.
Com a crise econômica gerada pela pandemia, ambas as práticas se tornaram urgentes, mas a aposta mais forte tem sido na requalificação.
Segundo a pesquisa Public Viewpoint: COVID-19 Work and Education Survey, da Strada Center for Consumer Insights, publicada neste mês, 64% dos mil entrevistados disseram que, caso ficassem desempregados, optariam pelo Reskill para mudar de área em vez de procurar outra vaga na mesma em que já atuam. A questão parece ser geracional.
A necessidade de educação adicional é mais acentuada entre os trabalhadores no início e no meio da carreira. Na mesma pesquisa, 38% de pessoas da geração X, 37% da geração Y e 30% da geração Z afirmaram isso.
Já os Baby boomers (nascidos entre 1946 e 1974) disseram preferir se aperfeiçoar em suas áreas atuais. O texto “Do Laid-Off Workers Want To Reskill? The Answer Is Yes”, publicado em abril, na Forbes (link no item “Para saber mais”), se aprofunda no estudo.
Em maio, a consultoria McKinsey & Company publicou o artigo “To emerge stronger from the COVID-19 crisis, companies should start reskilling their workforces now” (link no item “Para saber mais”), destacando que o papel das empresas agora é o de compreender como associar seus funcionários a outros papéis e atividades.
Para a consultoria, a dinâmica vai além do trabalho remoto — embora seus efeitos não possam ser ignorados — e baseia-se em capacitação e aprimoramento da força de trabalho para fomentar novos modelos de negócios
No cenário da pós-pandemia econômica, o Reskilling e o Upskilling deixam de ser apenas técnicas contra a obsolescência profissional para se tornarem ferramentas de uma forma ainda em construção de disrupção.
Para as empresas: Balancear a queda de demanda em alguns setores e o aumento em outros pode ser uma estratégia adotada pelas empresas. Mas, em geral, é preciso haver parceria entre o setor público e o privado para que isso seja possível.
É o que diz o texto “How Reskilling Can Soften the Economic Blow of Covid-19”, da Harvard Business Review (link no item “Para saber mais”), que conta como a Scandinavian Airlines (SAS), parte de um entre consórcio entre empresas privadas e organizações do setor público, na Suécia, treinou seus funcionários (90%, que seriam demitidos) para atuar na área da saúde, apoiando enfermeiros e médicos.
Uma outra estratégia é não apenas manter grande parte do trabalho remoto imposto pela quarentena, mas também aproveitar os aprendizados que surgiram “na raça”, no dia a dia (o chamado “learning by doing”) percebidos pelas lideranças em seus times.
Uma pesquisa realizada pela Gartner, em março deste ano, com 317 CFOs e líderes financeiros, revelou que 74% desse grupo moverá pelo menos 5% de sua força de trabalho até então interna para posições permanentemente remotas após a pandemia.
Para os trabalhadores : Como já se sabe, as qualificações mais desejadas pelas empresas estão na área de tecnologia. Mas em artigo na Fast Company, Wesley Connor, Chief Reskilling Officer em uma companhia de soluções de talentos globais, diz que há pesquisas sobre a necessidade de “soft skills” que não podem ser replicadas por robôs ou IA, como inteligência emocional, resolução de problemas e habilidades de comunicação.
Na publicação, Connor elenca o que chama de cinco principais habilidades sob demanda que os trabalhadores devem procurar capacitar ou aperfeiçoar: inteligência artificial (identificada pelo Fórum Econômico Mundial como trabalho número um, no futuro, na área de dados), resolução de problemas/pensamento crítico (37% dos empregadores de uma pesquisa da Society for Human Resources disseram sentir falta dessas habilidades em candidatos), analista de dados (cargos relacionados a ciência de dados e machine learning representam 5 dos 15 empregos em crescimento nos Estados Unidos hoje), inteligência emocional (um estudo da McKinsey aponta crescimento de 26% na demanda dessa habilidade entre os anos 2016 e 2030) e marketing nas mídias sociais e digitais (há alta demanda para especialistas em SEO e SEM).
Quem discorda: Há quem critique a valorização do Reskilling e do Upskilling como alternativa para os problemas atuais no mercado de trabalho.
No artigo “40 Million People Are Unemployed. Skills Training Won’t Bring Back Their Jobs”, da Forbes (link no item “Para saber mais”), o educador Wesley Whistle defende que as pessoas não perderam o emprego porque não possuíam as habilidades necessárias, foram apenas as vítimas dessa pandemia.
“Os defensores do trabalho a curto prazo ou do treinamento de habilidades dizem que essas pessoas precisam de habilidades para voltar ao trabalho. Mas essa recessão é como nenhuma outra”.
Para saber mais:
1) Leia, na Forbes, Do Laid-Off Workers Want To Reskill? The Answer Is Yes.
2) Leia, na McKinsey & Company, To emerge stronger from the COVID-19 crisis, companies should start reskilling their workforces now.
3) Leia, na Harvard Business Review, How Reskilling Can Soften the Economic Blow of Covid-19.
4) Leia, na Fast Company, 5 essential skills to expand your job prospects after coronavirus.
5) Leia, na Forbes, 40 Million People Are Unemployed. Skills Training Won’t Bring Back Their Jobs.