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Verbete Draft: o que é Languishing

Dani Rosolen / 16 jun 2021
Entenda o que é lansguishing, ou "definhamento" (Foto: Ketut Subiyanto/ Pexels).
Dani Rosolen - 16 jun 2021
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Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…

LANGUISHING

O que é: Languishing pode ser traduzido do inglês para o português como “apatia”, “definhamento”, “desalento”, “desamparo”, “sensação de estagnação e vazio”.

O termo ganhou destaque após ser utilizado pelo psicólogo organizacional estadunidense Adam Grant em abril deste ano num artigo do New York Times intitulado “There’s a Name for the Blah You’re Feeling: It’s Called Languishing” (Leia na íntegra no item “Para saber mais”).

O texto — traduzido pela Folha de S.Paulo e pelo Estadão como “Há um nome para isso que você está sentindo durante a pandemia: chama-se definhamento” — define a sensação de mal estar vivenciada por muitas pessoas neste período, ou como compara o autor, seria a sensação de ver “sua vida por meio de uma janela embaçada”, esse tal de blah ou meh (em traduções para o português).

Segundo a psicóloga Luciene Bandeira Melo, diretora da plataforma Psicologia Viva, a incerteza e o luto trazidos pela pandemia são os principais fatores que desencadeiam o languishing neste momento:

“Não estamos elaborando apenas o luto pelas vítimas da Covid, mas por todas as perdas simbólicas que a gente teve neste período — como o convívio social, a liberdade, as possibilidades de lazer — e de algo que é essencial ao ser humano: o toque”

Quem inventou: A palavra languishing foi usada pela primeira vez por em uma pesquisa do psicólogo e sociólogo estadunidense Corey Keyes, em 2002. Ele se surpreendeu ao perceber que muitas pessoas que não estavam deprimidas também não estavam felizes. Ainda segundo um estudo da Better Up, 55% dos funcionários nos Estados Unidos já sofriam com o languishing antes da pandemia.

Em seu texto de 2021, Adam Grant diz que os psicólogos recomendam nomear as emoções para aprender a controlá-las. Por isso, a importância de entender e discutir esse termo nem tão novo assim. “Ainda temos muito que aprender a respeito do que causa o definhamento e como curá-lo, mas dar um nome pode ser um primeiro passo”, afirma.

Esse estado de espírito, diz Grant, poderia ser uma boa resposta à pergunta “como você está?” — um belo contraste à positividade tóxica que nos força a responder que “tudo bem” ou “tudo ótimo”, mesmo quando tudo vai mal. Segundo ele, seria uma resposta socialmente aceitável quando todo mundo já passou a incluir o languishing no vocabulário.

Não é a mesma coisa que depressão: Segundo Luciene, no quadro de languishing, a pessoa tem uma sensação de vazio, uma falta de perspectiva, enquanto na depressão, há total perda de interesse, satisfação e prazer nas coisas. Grant resume bem essa diferença:

Languishing é o filho do meio negligenciado da saúde mental. É o vazio entre a depressão e o flourishing (Saiba mais sobre este outro termo no item “O oposto do languishing”).”

Em entrevista à Vogue UK (Acesse no item “Para saber mais”), o neurocientista cognitivo Christian Jarrett disse que qualquer pessoa pode ser afetada pelo languishing, mas há uma maior probabilidade entre quem está se sentindo desconfortável com o isolamento social, passou por algum luto ou perdeu o emprego.

Sinais de alerta: De acordo com a diretora da Psicologia Viva, há alguns sinais que devem servir de alerta:

“A pessoa começa a apresentar padrões mais negativos, sente muito medo, não tem motivação, não consegue fazer planos futuros, perde a percepção da passagem de tempo… E começa pouco a pouco a parar de fazer suas atividades porque vê sua vida estagnada”

Grant ainda afirma que o languishing pode acarretar em maior risco de futuros problemas de saúde mental e física. “Se não for feito nada a respeito, há risco de o languishing evoluir para um quadro de depressão”, diz Luciene.

Sobre a necessidade do uso de medicação, ela fala: “Se eu percebo que não estou bem, no mínimo, a recomendação é procurar um apoio psicológico para entender e elaborar o que está acontecendo, buscar caminhos alternativos. Esse processo, no entanto, pode ser mais difícil para algumas pessoas, aí é preciso avaliar se é o caso de introduzir um medicamento.”

No ambiente de trabalho: Em um momento de crise, em que empresas exigem uma performance “a todo vapor” de suas equipes, o languishing pode atrapalhar, pois reduz a concentração, a motivação e a produtividade dos colaboradores afetados.

A Fast Company listou como os líderes podem ajudar seus times nesta situação (Leia o texto na íntegra no link do item “Para saber mais”). Entre as recomendações estão atitudes como mostrar que “tudo bem não se sentir bem” e tentar entender as necessidades dos seus funcionários num momento de incertezas; fornecer ferramentas de ajuda psicológica; e permitir flexibilidade para que o time não se sinta vigiado e tenha respiros em sua rotina de trabalho.

O oposto do languishing — e o que fazer para melhorar: Com o avanço da vacinação, outro termo mencionado no artigo de Grant vem ganhando popularidade, o flourishing, ou florescimento, que se refere à sensação elevada de bem-estar, emoções positivas, esperança e propósito.

Há uma série de artigos com dicas para chegar ao flourishing, como este da Forbes, e até uma escala de florescimento.

Para quem ainda não atingiu esse estágio, é possível combater o languishing no dia a dia, com duas medidas indicadas por Grant em seu artigo: tirar um tempo para si mesmo sem interrupções (o que gera liberdade para as experiências que realmente prendem sua atenção) e focar em pequenos objetivos em vez de querer abraçar o mundo num momento de fragilidade.

Luciene acrescenta: “É importante a pessoa entender e aceitar que está vivendo algum tipo de luto, saber que isso não vai desaparecer num passe de mágica, tendo mais paciência consigo mesma”.

“Também é importante se permitir sentir e lidar com as emoções, focar no presente e buscar pequenos prazeres no dia a dia. E o principal: entender que você controla poucas coisas além de sua própria atitude. Você não vai conseguir mudar o comportamento da pessoa que está na rua sem máscara — mas pode continuar se protegendo”

Outros especialistas recomendam buscar reconectar-se com a família e os amigos, dentro das restrições existentes, criar uma rotina para reestabelecer a sensação de controle, procurar por atividades offline e recomeçar a fazer planos para o futuro.

A própria Organização Mundial da Saúde publicou um guia de como manter a saúde mental durante a pandemia, indicando, entre outros pontos, exercitar empatia e a gentileza com quem foi contaminado, ampliar histórias positivas de gente que superou a Covid e reduzir o consumo de notícias que possam gerar ansiedade e estresse.

“As notícias acabam tento um efeito nocebo [o contrário de placebo]. Ou seja, o consumo exagerado de informações sobre a Covid acaba causando preocupação, fazendo com que a gente se sinta doente e, consequentemente, nossas defesas imunológicas despenquem”, afirma Luciene.

Para saber mais:
1) Leia, no New York Times, o artigo de Adam Grant intitulado “There’s a Name for the Blah You’re Feeling: It’s Called Languishing”;
2) Acesse, na Vogue UK: “Still Languishing? Here’s How To Overcome It”;
3) Para ajudar seus funcionários, veja na Forbes “What to say to your languishing employees Post-Covid-19”;
4) Também para apoiar os colaboradores, leia o artigo da Fast Company “Why you need to adress your languishing teams?”;
5) Confira ainda na Forbes: “New Research Provides A 10-Step Playbook To Increase Your Psychological ‘Flourishing'”.

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