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“Pessoas são o principal agente de mudança em um processo de transformação digital.”

Luiza Lages / 7 out 2021Pessoa segura o livro Transformação Digital: uma jornada possível.
Livro organizado pelo CESAR mostra como empresas brasileiras têm se preparado para o futuro, em uma jornada possível de transformação digital.
Luiza Lages - 7 out 2021
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“As tecnologias digitais têm gerado oportunidades de negócio e de melhoria na vida das pessoas, impulsionando mudanças em empresas estabelecidas e criação de startups. Mas também têm trazido aflição para quem se acha consolidado e se vê no risco de perder seu posto ou até se tornar obsoleto. O mais estonteante, e assustador, é que tais mudanças têm ocorrido em velocidade exponencial.”

O texto de Geber Ramalho, professor da UFPE e da CESAR School, pode ser lido no prefácio do livro Transformação Digital: uma jornada possível. O pesquisador apresenta ali o tom da obra, organizada por Eduardo Peixoto, Chief Design Officer do CESAR. A publicação apresenta as dimensões em que a transformação digital pode e deve ocorrer dentro das organizações.

Por mais desafiador que seja esse processo, cases de empresas brasileiras – que são detalhados no passar das páginas – mostram não só que a transformação digital é viável, com resultados incríveis, mas como ela tem sido estruturada na prática no contexto nacional. Assim, existem exemplos positivos de grandes instituições como Banco do Brasil, Globoplay, Neoenergia e Mercedes-Benz, além de startups já nascidas digitais, como Joy Street, FindUp, In Loco e Pickcells.

 

Transformação digital e ambidestria em empresas tradicionais

“Desde a fundação do CESAR, em 96, a gente pensava em transformação digital, mas ainda com um foco muito estreito, em soluções inovadoras ou nas plataformas de tecnologia. Foi só 20 anos depois que começamos a entender que essas tecnologias estavam provocando mudanças nos modelos de negócios das organizações”, conta Eduardo Peixoto.

Ele explica que a transformação digital vai muito além de comprar ou desenvolver soluções baseadas em Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs); ela traz impactos muito mais profundos e complexos às organizações. Todo esse processo vem acompanhado de uma série de desafios, principalmente para empresas tradicionais.

Eduardo Peixoto, CDO do CESAR, na abertura do curso GNED - Gestão de Negócios na Era Digital.

Eduardo Peixoto, CDO do CESAR, na abertura do curso GNED – Gestão de Negócios na Era Digital, da CESAR School. Metodologia ensinada no curso foi base para o livro Transformação Digital: uma jornada possível.

Para Eduardo, enquanto startups que já nasceram na era digital não têm compromisso com o passado, instituições tradicionais precisam ser ambidestras.

“Você não vai jogar sua operação atual fora, mas precisa se preparar para uma nova curva de crescimento, fazendo outra coisa. E o que vemos é que, muitas vezes, pela falta de flexibilidade, pela estrutura hierarquizada e pela cultura arraigada, a liderança não está preparada para isso, não é ambidestra; a cultura da organização não é ambidestra”, diz.

Ele lembra do Banco do Brasil, instituição fundada há mais de 200 anos e que hoje tem um elevado número de consumidores que ainda dependem de atendimento presencial em agências.

“Muitos clientes não querem ou não podem usar um aparelho smartphone. Mas a instituição, mesmo mantendo um link com o passado, começou a construir o futuro”, diz.

Em 2010, o banco se lançou no universo mobile, com o app BB. Cinco anos depois, já tinha 7 milhões de clientes com acesso ao aplicativo. De 2019 para 2020, o número de pessoas que usam o app foi de 14 para 18 milhões.

O crescimento recente tem relação com a pandemia, mas já era previsto pela diretoria de negócios digitais do BB, com uma estratégia desenhada a partir de análise de dados em relação às mudanças de comportamento do consumidor.

“Foi um crescimento explosivo, e seria natural que envolvesse uma perda de qualidade, mas não foi o caso”, diz Eduardo.

O aplicativo é o mais bem avaliado por usuários na categoria mobile banking ao longo do tempo. Isso não significa que o BB tenha deixado de lado o atendimento presencial: o banco trabalha com um modelo híbrido, em que o cliente escolhe como deseja acessar os serviços.

 

Liderança compartilhada

Eduardo Peixoto, Karla Godoy e Fred Arruda em evento do CESAR.

No CESAR, a liderança é compartilhada, com um time de C-Level formado por Eduardo Peixoto, Karla Godoy e Fred Arruda.

A partir da metodologia desenvolvida pelo centro de inovação pernambucano para treinar lideranças, foi desenvolvido o Índice CESAR de Transformação Digital (ICTD), ferramenta que ajuda a mapear o nível de maturidade digital das empresas brasileiras.

“E o que nossas pesquisas têm mostrado é, primeiro, um despreparo. A liderança precisa entender melhor como conectar o processo de transformação digital à estratégia da organização, eventualmente a revendo”, diz Eduardo.

Com o objetivo de melhor transitar por um cenário de transformações, em 2018, o CESAR mudou sua estrutura executiva e passou a contar com um time de C-Level formado por três pessoas com perfis complementares, que vinham escrevendo longas trajetórias no centro. Fred Arruda é CEO, responsável por pensar a cultura organizacional; Eduardo é CDO e, como ele mesmo diz, uma figura mais ligada ao futuro e às mudanças; e Karla Godoy, COO, trabalha com foco no operacional e no dia a dia do CESAR.

“São três pessoas com o mesmo grau de autonomia e que reportam diretamente ao conselho, e tem dado muito certo. Acredito que nosso caso mostra como é importante, em um momento de transição, ter na liderança pessoas com perfis diferentes”, explica Eduardo.

Fred Arruda conta que quando os três divergem, um acaba trazendo o contraponto.

“Eu gosto de gente e de mostrar caminhos. Karla é analítica e ponderada. Eduardo tem a capacidade criativa, de ver além. Somos totalmente complementares”, diz o CEO do centro.

 

Em uma jornada de inovação, o CESAR trabalha cultura, métodos e processos, governança e aceleração de inovação.

 

Pessoas preparadas para o futuro

Karla Godoy, COO do CESAR.

Para Karla Godoy, COO do CESAR, o modelo C-Level deve ser disseminado por todo o centro, para incentivar a experimentação e criar um ambiente de colaboração.

Um grande desafio para as lideranças no cenário nacional é relacionado a pessoas: a evasão de talentos e a escassez de pessoas qualificadas no mercado de tecnologia são grandes obstáculos a empresas que vivem processos de transformação digital. Karla Godoy explica que o CESAR atravessa esse cenário e, internamente, tem entre suas missões cuidar da contínua formação das equipes.

“A gente acredita que as pessoas são o principal agente de mudança em um processo de transformação digital. E, para ter na minha equipe pessoas que pensam de forma diferente, eu tenho que trabalhar constantemente a capacitação. A gente vem fazendo isso por meio de programas e de planejamento estratégico, criando ambientes que propiciem a nossa jornada”, conta Karla.

Dentro de casa, o CESAR tem trabalhado os mesmos aspectos que identifica e trabalha com clientes em processo de transformação digital. Por exemplo, criar entre os colaboradores mindset e habilidades que façam do centro uma organização orientada a dados, ao design e a metodologias ágeis.

“Precisamos olhar para todas as áreas e ver como o engenheiro, a minha secretária, meu RH, e os demais setores, têm mentalidade digital. Tudo isso passa por processo de capacitação, e é uma jornada que de fato a gente vem fazendo”, diz Karla.

Para ela, ter ferramentas tecnológicas e capacitação adequadas passa por ter uma cultura que construa um ambiente propício para esse processo, o que está intimamente ligado à forma de fazer gestão.

“Nós entendemos que nosso modelo C-Level não funciona de forma isolada e precisa ser disseminado na empresa. Ele passa pelas premissas básicas para um processo de transformação digital: precisamos incentivar a experimentação, dar autonomia e criar um ambiente de colaboração. Precisamos preparar as pessoas para o futuro”, afirma.

 

Transformação Digital: uma jornada possível

Produção do livro Transformação Digital: uma jornada possível.

O livro Transformação Digital: uma jornada possível apresenta um passo a passo de como uma organização pode alcançar a maturidade digital.

Com histórias de empresas brasileiras que conseguiram se adaptar às novas tecnologias e à conectividade nos negócios, o livro Transformação Digital: uma jornada possível foi elaborado a partir de pesquisas e de artigos de professores da CESAR School. O resultado é um diagnóstico que leva a um passo a passo de como realizar essa mudança.

Sete etapas da jornada delineiam os capítulos do livro: cultura e pessoas; consumidores; modelos de negócio e concorrência; processos organizacionais; tecnologias habilitadoras; dados e ambiente regulatório; inovação e liderança. As etapas descritas na obra são baseadas na metodologia do CESAR e em artigos e estudos sobre os temas.

“Nós entendemos que tudo começa com cultura e pessoas, porque depois que você resolve gente, tudo fica muito mais fácil. Mas resolver gente não é simples, e a empresa vai ter que lidar com isso em paralelo com outras coisas. Por isso, eu digo que essa jornada se repete, ela é cíclica”, diz Eduardo.

 

Veja o vídeo manifesto sobre o livro Transformação Digital: uma jornada possível:

 

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