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Sem medo de mostrar tudo: Nude estampa pegada de carbono nas embalagens e lança desafio ao mercado

Mariana Sgarioni / 19 jun 2023
Giovanna Meneghel, CEO e co-fundadora da Nude, e Mariana Malufe Spignardi, diretora de sustentabilidade.
Mariana Sgarioni - 19 jun 2023
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A Nude, como o próprio nome diz, é uma empresa desinibida. Há mais de um ano, resolveu escancarar nas embalagens o cálculo certinho da pegada de carbono de seus produtos. Isso quer dizer que o consumidor fica sabendo o impacto ambiental causado por aquilo que ele resolveu tirar da prateleira do mercado e levar para casa. E, como tirar a roupa sozinha em público não tem graça, a Nude lançou uma provocação: a campanha #MostreSuaPegada para chamar outras empresas a participarem do mesmo movimento.

“Fomos a primeira empresa brasileira a usar a rotulagem climática, mas não queremos ser a única. O consumidor precisa ter uma base de comparação entre os produtos para escolher o que acha melhor. É preciso que as empresas tenham transparência e percam o medo de mostrar seu impacto”, diz Giovanna Meneghel, CEO e co-fundadora da Nude, foodtech que desenvolve alimentos a partir de aveia.

Trata-se, segundo ela, de oferecer a chance de o consumidor poder atuar neste impacto também, escolhendo produtos que sejam carbono neutro ou tenham uma baixa pegada.

“Quando a gente fala de gases que geram efeito estufa, é algo subjetivo. De que forma estou, de fato, zerando minhas emissões? Isso não é palpável. Já quando você estampa aquilo em um rótulo, assim como uma tabela nutricional, aquilo se torna mais real. E faz com que o consumidor tenha a chance de agir contra o aquecimento global, fazer alguma coisa ele mesmo para diminuir o impacto”.

Pelo visto está dando certo: já são 24 marcas que aderiram à campanha, entre elas Hering, Natura, Reserva, Movida, entre outras.

COMO COMPARAR?

No caso da Nude, o que significa esta pegada de carbono em números? O cálculo que a empresa faz engloba a cadeia inteira, ou seja, desde a aveia no campo até o pós-vida do produto (descarte). Sua pegada varia de 0.33 até 0.70, dependendo do produto – um valor que seria quase dez vezes mais baixo se comparado a um produto similar de origem animal, como o leite de vaca.

Segundo Mariana Malufe Spignardi, diretora de sustentabilidade da Nude, a maior parte das emissões (45%) vem do campo e da cadeia de fornecedores. “Nosso foco hoje está nestes fornecedores. Para reduzir as emissões, precisamos estar com eles, perto deles”, observa Mariana.

Desde que nasceu, em 2020, a Nude está 100% comprometida com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e suas metas de mitigação climática. Em menos de 1 ano de funcionamento, já era uma empresa do Sistema B – certificado que caracteriza organizações que possuem comprovadamente benefícios ambientais e sociais. A preocupação está desde a escolha da matéria-prima orgânica – a aveia é um vegetal sustentável, pois exige pouco consumo de água, protege outras plantações e ainda é capaz de gerar energia renovável. E vai até o pós-consumo.

“Por opção, fazemos logística reversa de 100% das nossas embalagens, inclusive montamos pontos de entrega voluntários em varejos. A Tetrapack é reciclável, mas muita gente não sabe, por isso estamos conscientizando o consumidor”, explica Mariana.

LEITE DE AVEIA?

Mesmo com mais sustentabilidade, será que os leites vegetais fazem sucesso no mercado brasileiro? O mercado ainda é pequeno, mas a tendência é crescente. No Brasil, a penetração do produto ainda está em cerca de 1,5%. Entretanto, nos Estados Unidos este número chega 16% e, na Europa, a 9%.

“Acreditamos que podemos conquistar consumidores ao falarmos sobre o impacto ambiental. Além disso, confiamos no sabor: a aveia é ótima para o sensorial, ela traz mais cremosidade. Quando o consumidor experimenta, ele é convertido na hora”, diz Giovanna, ao lembrar que ela e o marido decidiram entrar neste negócio ao experimentarem o leite de aveia numa cafeteria em Berlim. “O barista nos ofereceu sem compromisso. Desconfiamos na hora, mas decidimos provar. Achamos uma delícia”.

O casal só queria tomar um capuccino para se aquecer do frio alemão – mas saiu dali com um sonho na cabeça.

“Foi um despertar: não é o que bebemos. E sim de onde vem o que bebemos”.

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