Reduzir os gastos anuais de energia elétrica em até 30% utilizando o sol como fonte geradora e a custo zero para o cliente. Esta é a proposta da Solar21, startup de aluguel de placas solares, em operação há pouco mais de um ano no Distrito Federal e nos estados da Bahia e do Rio de Janeiro.
O negócio, que atualmente atende exclusivamente empresas e organizações, se responsabiliza pelo equipamento, instalação e manutenção, atuando no modelo de leasing, já consolidado nos Estados Unidos. Por lá, esta modalidade teve seu boom em 2012, na Califórnia, onde as empresas do setor são responsáveis por cerca de 1,6 milhão de instalações residenciais, sendo os três maiores players a Solarcity (atual Tesla Energy), Surun e VivintSolar.
Os primeiros passos da Solar 21 aconteceram em 2016, a partir de um estudo de benchmarking focado no mercado de energia solar norte-americano. Na época, o baiano Vinicius Ferraz, 30, então, recém-formado em Engenharia Elétrica pela USP, se juntava ao atual sócio e amigo Lucas Sampaio, 28, que conheceu nos tempos do Instituto Militar de Engenharia (IME), no Rio de Janeiro, onde estudou os dois primeiros anos de graduação.
O interesse por energia renovável apareceu já na época de estudante, quando Vinícius integrou um projeto de iniciação científica para a construção de um solar tracker (painel para captar a energia do sol). Seu TCC foi focado em geração de energia eólica.
ELES SE PRECIPITARAM EM INVESTIR SEM ESTRUTURAR O MODELO DE NEGÓCIO
Na época, o empreendedor havia acabado de passar em um concurso da Telebrás e, enquanto aguardava para assumir o cargo em Brasília, entre fevereiro e maio daquele ano, decidiu, em sociedade com Lucas, comprar o primeiro sistema fotovoltaico. O investimento mínimo seria de 50 mil reais. Eles deram 10% de sinal até perceberem que não teriam como levantar o restante da grana.
Foi a hora de repensar e dar um passo para trás. Eles entenderam que o foco deveria ser a estruturação do modelo de negócio da startup, para, então, buscar recursos.
Justamente neste momento-chave, o engenheiro da Telebrás Ronaldo Ribeiro, 42, passou a compor a sociedade. “Precisávamos de alguém mais sênior, com experiência de mercado e conhecimento técnico apurado”, diz o fundador.
Mesmo com o apoio de Ronaldo, na sequência, a dupla sofreu mais um balde de água fria ao ver surgir um concorrente de peso, a Renova Green, empresa de Curitiba que nascia com a promessa de entregar energia solar com planos de assinaturas mensais e ofertas modulares. “Isso deu uma estremecida nos nossos planos”, afirma Vinicius.
DO PROJETO AO PRIMEIRO APORTE: UMA AJUDINHA DE AMIGOS E FAMILIARES
Depois dos primeiros sustos e com o plano de negócios pronto, em novembro de 2016, os empreendedores organizaram o primeiro pitch da Solar21 para uma plateia de amigos e familiares. Nesta rodada, conseguiram captar 110 mil reais. “As primeiras cotas da startup foram baratas, pois na época nem sequer tínhamos uma empresa constituída A Solar21 era basicamente um PPT”, diz o fundador, referindo-se ao formato de apresentação de projetos que ainda estão “no papel”.
Em fevereiro de 2017, os sócios conseguiram, por fim, fechar o primeiro contrato de cinco anos: uma torre em um condomínio de Brasília, sede atual da empresa. Dos recursos levantados, investiram cerca de 55 mil reais em equipamento e na instalação do primeiro sistema fotovoltaico da empresa, composto por 49 placas capazes de gerar, em média, 15.68 kWp (quilo-watt pico). A escolha não foi aleatória, como conta Vinicius:
“O foco do negócio são os condomínios verticais, por apresentarem menos riscos e oscilações. É nesta base que o nosso modelo está sendo validado”
Os planos de expansão, já em negociação, preveem a instalação de mais quatro torres em Brasília e uma em Salvador. E, no que depender do mercado de fontes renováveis no Brasil, há muito espaço para crescimento. Segundo dados da Aneel, em dezembro de 2015, havia cerca de 2 mil sistemas instalados, frente aos 39 mil atuais (29,8 mil são instalações residenciais).
COMO PRECIFICAR UMA ENERGIA RENOVÁVEL?
O cálculo, que determina o tamanho do sistema, é feito com base na série histórica de um ano de consumo de energia do cliente, contabilizando uma economia de, no mínimo, 10%, e de, no máximo, 30%. No caso do piloto de Brasília, o preço final para o condomínio-cliente é de mil reais por mês. “O objetivo é gerar energia solar suficiente para que o cliente tenha que pagar à concessionária, no fim do mês, apenas o custo de disponibilidade, ou a taxa mínima, que varia de estado a estado”, diz Vinicius.
A economia, neste caso, pode chegar a 3 mil reais por ano. Além disso, a diminuição da emissão de CO2 na atmosfera, conforme prevê a empresa, será de até 12 toneladas. Vinicius diz que a empresa foi criada tendo como inspiração o tripé da energia para o século 21, o chamado 3D: descentralização, descarbonização e digitalização. No que tange à digitalização, a Solar21 aposta no monitoramento da produção e consumo de energia via app. Vinicius fala mais a respeito:
“O cliente tem informação em tempo real, via nuvem, da economia gerada pelo aluguel e do valor residual que pagará à concessionária antes mesmo de ela enviar a conta”
Para viabilizar a expansão do negócio, há três meses, a empresa está captando recursos pela plataforma Kria, via fundos de equity crowdfunding, que segue a mesma lógica de um crowdfunding tradicional, com a diferença de que o investidor recebe, como contrapartida, uma participação acionária na empresa apoiada.
As ações da Solar podem ser adquiridas a partir de mil reais com uma participação de até 6,50%. Até o momento são 103 investidores e a arrecadação chegou a cerca de 318 mil reais (se aproximando da meta mínima de 430 mil reais). A meta máxima é de 650 mil reais.
O perfil das pessoas que estão apostando na startup é bem variado. Desde médicos, economistas, ambientalistas, professores, engenheiros a investidores-anjos, como Márcio Castro, CIO do banco Safra, Bruno Massera, tesoureiro nos Emirados Árabes da BRF, e Leonardo Cadurim, gestor de qualidade da Camargo Corrêa. Eduardo Kupper e João Marcuz, da Vesta Partners, empresa especializada em estruturação de capital e projeto financeiro, completam o time de investidores de peso da Solar21.
DE OLHO NA DIVERSIFICAÇÃO DO PORTFÓLIO
Embora, em 2019, o foco da empresa deva permanecer no aluguel de placas para condomínios verticais, a empresa já está diversificando seu portfólio de produtos, de olho nas tendências do mercado global. A venda de dois sistemas fotovoltaicos está sendo negociadas em Brasília e dois no Rio de Janeiro.
Outra novidade é a expansão física do negócio. O escritório da Solar permanecerá em Brasília, mas Vinicius e os sócios já se preparam para abrir praças regionais de vendas em São Paulo e na Bahia.
Ainda para o ano que vem, a startup quer ampliar o monitoramento da energia gerada, investir mais na digitalização, com o lançamento de uma plataforma web, e ampliar a estrutura de assistência técnica. Tudo isso “iluminando o futuro”, como diz o slogan da startup. Ou de forma mais direta, possibilitando que cada vez mais pessoas produzam sua própria energia limpa, dependendo basicamente do sol.
De artigos de decoração a bonecas de pano e pijamas para crianças, uma plataforma só com marcas graciosas e unidas pelo compromisso socioambiental: essa é a proposta da Stellar, fundada pelas amigas Emily Perry e Renata Reis.
Nem carne, nem planta. Thiago de Azevedo era o churrasqueiro da turma de amigos, até virar vegano. Em busca de uma alimentação mais saudável (e sustentável), ele criou a marca de enlatados e congelados à base de cogumelos.
Lata ou garrafa pet: qual o melhor recipiente para a água mineral? Nenhuma das duas opções, segundo a Água na Caixa, que envasa o produto em embalagens cartonadas e se vende como a primeira marca carbono neutro do Brasil.