Tudo começa com uma conversa inicial focada no diagnóstico. O objetivo ali é descobrir qual é o sonho da startup, aonde ela quer chegar, o que a impede de alcançar seus objetivos e como ela pode ser ajudada. É um programa de aceleração, mas bem poderia ser uma sessão de terapia.
“Eu conduzo a conversa como se fosse uma psicóloga atendendo uma pessoa que quer mudar. Nesse caso, eles querem crescer o negócio. E nós fazemos essa avaliação para definir uma jornada de crescimento passo a passo”, diz Julia Sotera, diretora de serviços de marketing da Tetra Pak para as Américas sobre o trabalho que vem sendo realizado com as participantes da primeira edição do programa de aceleração da empresa.
Com o objetivo de lançar bebidas e alimentos inovadores que atendam às novas demandas dos consumidores, o Startup Tetra Pak está com inscrições abertas para a sua terceira convocatória. Nas duas primeiras rodadas, foram selecionadas nove startups. O diferencial do programa, além de colocar produtos no mercado em um curto prazo, é justamente o tratamento individualizado para cada participante.
“Parte do nosso trabalho é fazer perguntas desafiadoras para que cada uma das startups possa refletir sobre o momento do seu negócio e sobre quais próximos passos estão prontas para dar. A partir do diagnóstico, fazemos um plano de ação. Cada uma das selecionadas tem uma jornada completamente diferente e customizada para ela”, diz Julia, sobre o programa, conduzido em parceria com a aceleradora e incubadora Plug and Play, que já acelerou mais de 3.000 startups em todo o mundo.
O apoio da multinacional, uma das líderes mundiais em tecnologias de envase e processamento de alimentos e bebidas, vai desde a concepção da marca até a formulação do produto, passando por pesquisas de mercado, recursos industriais e estratégias de lançamento.
“Os livros dizem que é preciso errar para aprender. Mas, enquanto o power point aceita tudo, muitas empresas pequenas não podem pagar para ver o erro na prática. Então, a gente anda junto com eles, em cada um desses passos, para diminuir os riscos”, diz Julia Sotera.
É o que vem experimentando de perto a Babuxca, startup selecionada na primeira rodada do programa de aceleração da Tetra Pak.
“É claro que todo projeto tem um risco, e empreender é um risco constante. Mas, ao participar do programa, temos acesso a dados e a pesquisas de mercado que fazem com que a gente saiba que está apostando num produto que está em alta”, diz Daniel Chinzon, sócio-diretor da marca. “A gente fica muito mais seguro para fazer o lançamento e até para lançar de uma forma mais agressiva do que se não tivéssemos esse apoio.”
O lançamento que a Babuxca pretende levar em breve ao mercado é uma bebida alcoólica em caixinha, saborizada e à base de gim. Até então, a marca, com foco no público jovem, tinha como carro-chefe uma bebida engarrafada feita com cachaça, frutas e mel orgânico.
“Trabalhamos com duas tendências em alta: a categoria chamada de ‘ready to drink’ e os ingredientes naturais. Mas nunca tínhamos considerado lançar um drinque em caixinha porque simplesmente não sabíamos que existia essa possibilidade”, diz Daniel, que afirma não existir no Brasil nenhuma bebida em caixinha com a mesma proposta do novo produto Babuxca.
Junto com a Tetra Pak, a startup trabalhou todos os conceitos do novo produto e decidiu, inclusive, lançá-lo sob uma nova marca, dentro do mesmo grupo.
“Tivemos longas reuniões para discutir quem é nosso público-alvo, quais são os nossos valores e como transmitir esses valores na embalagem do novo produto. Percebemos, por exemplo, que não estávamos comunicando tão bem o fato de trabalharmos apenas com ingredientes naturais”, diz Roberto Mendes, sócio da Babuxca.
“A Tetra Pak fez muitas provocações, fez a gente parar para pensar. E acho que a gente amadureceu bastante como empresários e como empresa no processo”, afirma Roberto.
O objetivo da Tetra Pak é fazer com que todos os produtos lançados pelo programa consigam quebrar a gôndola — jargão utilizado no varejo para dizer que um produto conseguiu se destacar na prateleira.
“Um produto tem seis segundos para quebrar a gôndola do supermercado, que é o tempo que o consumidor leva para escolher o que vai levar. Ele só tem esse tempo para comunicar: ‘oi, eu sou diferente!’ e chamar a atenção”, diz Julia Sotera.
“Quando você está inserido numa cultura organizacional, pensa que a sua promessa é tão clara que todo mundo vai entender. Mas a gente provocou algumas dessas empresas a compreender que talvez os valores delas não estivessem tão claros. E, assim, fomos traçando os planos de ação.”
Todas essas provocações e diagnósticos fazem parte do programa de aceleração, mas a diretora afirma que a decisão final sobre os rumos a serem tomados na criação do produto é sempre de cada empresa. “A marca é deles. Nós fazemos o mentoring, mas sempre respeitando o sonho da startup”, diz Julia.
A nova bebida da Babuxca está em fase final de testes e deve chegar ao mercado em novembro. A Tetra Pak espera lançar pelo menos mais duas bebidas –feitas pelas startups aceleradas com as embalagens da multinacional– até o fim deste ano.
Além da Babuxca, as outras startups que já estão participando do programa são: Mother (produto com alto teor de proteína), Fresco (iogurte vegano), Inovamate (chás), Pic-Me (bebida nutritiva para crianças), PushMatcha (bebidas), Caldo Natural (caldos), Ohca 22 e Fabenne (bebidas alcoólicas).
As inscrições estão abertas para a próxima rodada do Startup Tetra Pak. Saiba mais sobre o programa e inscreva-se em startup.tetrapak.com.br.
Em entrevista, Marco Dorna, presidente da empresa que é pioneira e líder mundial em soluções de processamento e envase de alimentos, fala sobre as atuações da companhia para contribuir para um futuro melhor.