À beira dos grandes lagos formados pela construção de usinas hidrelétricas, há muita vida em movimento. A CTG Brasil, uma das líderes em geração de energia limpa do País, tem um compromisso diário em zelar por toda a riqueza natural presente ao redor das estruturas operadas pela companhia, um perímetro comparável à extensão do litoral brasileiro.
É um trabalho que une vigilância, conscientização das comunidades, união entre diversas instituições e tecnologia. São cerca de 8.500 quilômetros de território à beira d’água monitorados constantemente. Para comparação, o litoral brasileiro possui 10,9 mil quilômetros de extensão, segundo recente atualização realizada pelo IBGE em 2021.
Essa rotina de trabalho protege animais e plantas ameaçadas, a vida aquática e garante áreas para lazer e atividades econômicas nas represas. Com uso de imagens de satélite e um software desenvolvido em conjunto com a UNESP de Presidente Prudente, que utiliza um algoritmo que identifica as alterações comparando as imagens de satélite em diferentes períodos, foi possível aprimorar o monitoramento e otimizar as vistorias presenciais com foco em novas intervenções, hoje necessárias em 0,1% da área total de reservatórios.
Zelar pelo uso correto dos recursos naturais à borda dos reservatórios é uma missão que vai de encontro às estratégias ESG da CTG Brasil, garantindo a preservação da água, da biodiversidade e também o impacto e desenvolvimento local das comunidades do entorno das operações da companhia. Estes propósitos são também alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável fixados pela iniciativa Pacto Global da ONU, do qual a empresa é signatária.
DIMINUIÇÃO DE OCUPAÇÕES IRREGULARES
Para monitorar e preservar essas áreas, as equipes de fundiário e de meio ambiente da companhia trabalham em conjunto, contando ainda com parcerias com órgãos de Estado como polícia ambiental, universidades e Ministério Público, para a proteção de áreas de preservação permanente (APPs) e a desmobilização de obras e instalações irregulares.
Enquanto o time de meio ambiente é focado em manter condições naturais ideais, a preservação e o atendimento ao licenciamento ambiental, o time fundiário busca assegurar o uso correto das bordas dos reservatórios pela população e por negócios regionais. Este monitoramento e atuação conjunta com polícia ambiental e Ministério Público coíbe invasões de áreas de preservação, que frequentemente são usadas para construções clandestinas ou ainda agricultura e pecuária.
“Já encontramos cenários de muita ocupação, degradação e hoje temos uma situação de recuperação e fortalecimento da vegetação, melhorando até mesmo do ponto de vista visual, fortalecendo atividades como o turismo.”
Ivan Toyama, gerente fundiário da CTG Brasil
Ações irregulares são detectadas e abordadas em terra por equipes fundiárias em qualquer um dos 125 municípios brasileiros que fazem parte do perímetro dos reservatórios operados pela CTG Brasil, presente em seis estados do país.
Na UHE Garibaldi, o trabalho conjunto entre CTG Brasil e Polícia Militar Ambiental vem conseguindo reduzir as ocorrências de irregularidades nas margens do reservatório, contudo este é um trabalho que exige regularidade e constância. As fiscalizações na região são feitas por terra, água e ar, com veículos 4×4, lanchas e drones.
Esses ciclos de monitoramento são realizados semestralmente e, em 2020, foram registradas cerca de 110 ocorrências. Em 2021, o número caiu para 37, e em 2022, 52 ocorrências. Observa-se uma tendência de redução ao longo desses anos, mas é um trabalho que traz resultados a médio e longo prazos e que deve ser feito de forma constante.
CORREDORES ECOLÓGICOS
O monitoramento sob o ponto de vista ambiental tem uma função igualmente importante na CTG Brasil, zelando pela preservação de grandes áreas e espécies diversas de fauna e flora. Em bacias como a do rio Paranapanema, que se estende na fronteira entre os estados de São Paulo e Paraná, as áreas protegidas dos reservatórios formam um extenso corredor ecológico importante para aves migratórias e outros animais, garantindo um ambiente natural preservado.
“Além de conectar essas grandes áreas, os corredores ligam biomas e fragmentos florestais historicamente separados pelo uso do solo e atividades econômicas predecessoras, o que permite que espécies transitem entre áreas protegidas”, observa Ronan Max Prochnow, coordenador de Meio Ambiente da CTG Brasil. Além disso, projetos de preservação de peixes, como o caso da piracanjuba, buscam o equilíbrio da vida aquática nos rios ligados às hidrelétricas.
Entre os estados de São Paulo e Paraná, nas regiões das UHEs Rosana e Taquaruçu, existem alguns grandes fragmentos de Unidades de Conservação, públicas e particulares, tais como o Parque Estadual Morro do Diabo e o Estação Ecológica do Mico Leão Preto, bem como a Reserva Legal da Fazenda Mosquito, que formam extensos corredores ecológicos, conectados com as áreas nas margens desses reservatórios.
Em Santa Catarina, a área de preservação da UHE Garibaldi, operada pela CTG Brasil, faz parte de um corredor ecológico que se liga ao Parque Estadual Rio Canoas, um santuário para espécies de fauna e flora. A área de pouco mais de mil hectares do parque acaba sendo triplicada pelas APPs do entorno, entre elas o reservatório da UHE Garibaldi.
Manter grandes áreas preservadas e conectadas dá liberdade de fluxo a animais como veados e onças-pardas, além de felinos e outros mamíferos menores, que são acompanhados por armadilhas fotográficas da equipe do parque. Quanto maior a área preservada, maior o número de animais e melhor a genética deles, que se torna mais diversa, explica a coordenadora do parque, Leila Alberti.
“Comparado a outras unidades de conservação de Santa Catarina, a biodiversidade aqui é uma das maiores. A gente consegue filmar onças-pardas facilmente, enquanto em outras unidades leva-se meses para se filmar um indivíduo desses.”
Leila Alberti, coordenadora do Parque Estadual Rio Canoas
CICLO VIRTUOSO DE PRESERVAÇÃO
Cuidar da natureza e das pessoas gera um ciclo virtuoso de biodiversidade e energia limpa. “A preservação da mata ciliar é algo extremamente importante para o desenvolvimento de espécies de fauna, flora e da própria água. Como haver uma borda de reservatório sem floresta?”, questiona Prochnow.
A mata previne processos de erosão e mantém a área natural protegida, evitando o impacto que sedimentos como areia em excesso podem gerar ao corpo hídrico. “O sedimento se deposita e prejudica inclusive o potencial de geração de energia”, explica o coordenador de Meio Ambiente da CTG Brasil.
A recuperação das bordas de reservatórios passa por programas de restauração ecológica, que adaptam a técnica mais adequada para cada região, terreno e situação. Uma opção é o plantio tradicional de mudas de espécies nativas da região. Já em outros locais, como por exemplo a floresta ombrófila mista, ou mata de araucária, uma árvore listada como ameaçada de extinção no Brasil, é possível obter regeneração natural apenas preservando a natureza.
“Temos regiões onde havia apenas gramíneas, e a CTG Brasil fez acordos e trabalhos de conscientização com os proprietários rurais vizinhos para deixarmos a área se regenerar naturalmente. De 2016 para cá, já temos florestas primárias, com árvores franzinas, e, com alguns anos, poderemos ter árvores já bem desenvolvidas”, afirma Prochnow.
Fortalecer espécies nativas dá impulso à biodiversidade local e protege espécies como a gralha-azul e o papagaio-charão, que habitam aos bandos o reservatório de Garibaldi, na serra catarinense. Já em reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste do país, antas, cutias, tatus, macacos, emas e seriemas desfrutam de áreas de preservação no entorno de usinas hidrelétricas como a de Salto, em Goiás.
A aliança entre vigilância constante, conscientização das comunidades, união entre diversas instituições e novas tecnologias garante biodiversidade e impactos socioeconômicos positivos, como destaca Toyama. “É importante no sentido de você manter os negócios agregados, melhorar a conservação dos recursos hídricos e do meio ambiente, e o que isso traduz em qualidade de vida para essas populações. É um trabalho de dimensões continentais.”
Marina Sierra Camargo levava baldes no porta-malas para coletar e compostar em casa o lixo dos colegas. Hoje, ela e Adriano Sgarbi tocam a Planta Feliz, que produz adubo a partir dos resíduos gerados por famílias e empresas.
Em vez de rios canalizados que transbordam a cada enchente, por que não parques alagáveis? Saiba como José Bueno e Luiz de Campos Jr., do projeto Rios e Ruas, querem despertar a consciência ambiental e uma nova visão de cidade.