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“O que perdura é a ânsia pelo aprendizado: ver que a transformação digital é infinita”

Luiza Lages / 18 set 2023Três homens observam telas em frente a motor de um automóvel.
Em momento de muitos desafios na indústria automotiva, Ford fez parceria com o CESAR para formar a alta liderança e diversos níveis da organização em temas de transformação digital.
Luiza Lages - 18 set 2023
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Nos últimos anos, a indústria automotiva tem passado por uma profunda transformação impulsionada por novas tecnologias e pela demanda por inovação. A Ford, uma das gigantes do setor, entendeu que, para se manter à frente dessa revolução, era crucial investir na capacitação e formação dos seus colaboradores. Com esse objetivo, nasceu uma parceria com o CESAR, que resultou na implementação de diferentes jornadas de formação dentro da empresa.

A iniciativa, que começou com a requalificação de engenheiros, logo seguiu para um trabalho de conscientização e provocação dos executivos sobre os impactos e oportunidades da transformação digital. Com a percepção de que as trocas e conhecimentos precisavam ser compartilhados, uma nova formação foi construída para incluir toda a organização. A visão inicial se expandiu, culminando em um programa abrangente que abordou temas desde tecnologias emergentes até práticas ágeis de gestão para colaboradores da América do Sul.

“O contexto da Ford era de muita mudança. Quando identificamos esse pano de fundo, vimos que era necessário discutir mais profundamente sobre os elementos da transformação digital, os desafios e oportunidades. Precisavam de formações para que as pessoas conhecessem sobre tecnologias habilitadoras e processos que pudessem ser aplicados no dia a dia de suas operações”, diz Rodrigo Cursino, head de projetos e soluções educacionais da CESAR School. 

 

Requalificação de engenheiros e formação para os executivos

Rodrigo Cursino, líder de projetos e produtos educacionais do CESAR.

Rodrigo Cursino, líder de projetos e produtos educacionais do CESAR, conta que as formações foram construídas para o contexto da Ford, que tinha a necessidade de discutir mais profundamente sobre os elementos da transformação digital.

A parceria entre Ford e CESAR nasceu em 2021, com a requalificação de 20 engenheiros da casa por meio do Next, programa desenvolvido pelo centro para formação de programadores. Durante sete meses, os participantes aprenderam lógica matemática, temas de programação em Python e escolheram entre duas jornadas específicas, de programação back-end ou engenharia de dados. “Na época, o time de Desenvolvimento de Produto da Ford estava com novas demandas tecnológicas e tinha a necessidade de habilitar talentos para atuar em outras funções. E o Next foi procurado como um primeiro passo para ajudar essas pessoas a fazer transição de carreira”, explica Cursino.

Bruno Figueiredo, gerente de engenharia da Ford, foi um dos alunos do Next e, em novembro de 2021, chamou o time do CESAR para montar um programa sobre transformação digital voltado para os executivos e diretores da empresa na América do Sul. Com mudanças sendo implementadas na Ford, percebeu-se internamente a necessidade de provocar os executivos em relação a uma economia que vem se transformando, com negócios diferentes e consumidores que passaram a manifestar um novo posicionamento de compra. A ideia era conscientizar a alta liderança sobre seu papel como agente de mudança dentro da jornada de transformação digital da Ford.

Um total de 26 executivos participou de quatro encontros em que se falou sobre o papel do consumidor no processo de transformação digital, sobre cultura startup, inovação aberta e a dicotomia entre operação e inovação, além de uma troca sobre tecnologias habilitadoras para a transformação digital. “O nosso grande intuito nessa primeira etapa foi sensibilizar e trazer para eles, além do conteúdo, provocações. Depois, a ideia era levar esse debate para o nível gerencial, mas os próprios executivos questionaram se não seria melhor abrirmos para toda a empresa”, conta Bruno.

Assim, o programa, que inicialmente focou nos executivos, rapidamente se expandiu para envolver toda a empresa. “Eles viram a necessidade de um balizamento e de distribuir esse conhecimento de forma mais uniforme: saber o que são essas tecnologias e como, no futuro, podem impactar a operação de suas respectivas equipes”, lembra Cursino. O resultado foi uma formação inclusiva, com foco na disseminação de conhecimento em todos os níveis da Ford na América do Sul, com cerca de 900 colaboradores convidados para os encontros.

 

Tecnologia, dados e métodos ágeis

Bruno Figueiredo, gerente de engenharia da Ford.

Para Bruno Figueiredo, gerente de engenharia da Ford, um grande objetivo das formações foi tirar as pessoas da zona de conforto, atiçar a curiosidade e assim promover desenvolvimento pessoal e profissional.

O programa de formação tinha como objetivo não apenas fornecer conhecimentos técnicos, mas também inspirar uma mudança cultural e de mindset ágil, que são essenciais para navegar nas águas da transformação digital. Entre maio e setembro de 2022, foram realizados 13 encontros envolvendo tópicos como transformação digital, tecnologias habilitadoras e processos ágeis. As sessões foram estruturadas em palestras de 90 minutos, seguidas por 30 minutos de interação via chat, onde perguntas eram selecionadas e respondidas pelo facilitador do dia. Isso permitiu uma participação ativa e um diálogo entre palestrantes e participantes.

A abordagem da formação foi diversificada, dividida em três grandes blocos. Depois de uma masterclass introdutória, os professores se aprofundaram em temas de tecnologia, como internet das coisas, 5G, blockchain, metaverso e cloud computing. Seguiu-se então uma trilha voltada para análise de dados, visualização, análise preditiva e prescritiva, ressaltando a importância dos dados na tomada de decisões estratégicas. A abordagem foi completada por um bloco sobre gestão ágil e os benefícios que as práticas ágeis trazem para os processos das organizações e de suas equipes.

“Trouxemos temas que, às vezes, não são sobre o nosso dia a dia, como o 5G, mas a gente quis compartilhar repertório e atiçar a curiosidade das pessoas, para que elas pudessem se desenvolver. Queremos tirar as pessoas da zona de conforto e mostrar que tem muita coisa acontecendo no mundo. Além disso, queremos incorporar automação nas tarefas rotineiras, extrair mais valor dos dados e, continuamente, trazer essas provocações e cases externos”, conta Bruno.

Todas as aulas contaram com tradução simultânea, para permitir a participação de colaboradores de toda a América do Sul, como um compromisso da Ford em envolver sua equipe. Com uma média de 530 participantes por sessão, para Cursino, a adesão e engajamento demonstram o sucesso da iniciativa.

 

Impactos das formações

Apesar da CESAR School ter trabalhado cada vez mais com esse tipo de formação, projetada para os clientes, foi a primeira vez que uma jornada foi construída com essa dimensão, com uma carga horária reduzida e um debate mais amplo. Para Cursino, isso demonstra a possibilidade de adequar as trilhas existentes na CESAR School ou de criar formações junto às organizações, alinhadas às suas demandas. “A gente trouxe temas em que temos expertise, mas com profissionais que versassem sobre indústria automotiva e 4. 0. Falamos, então, no contexto do cliente, e isso foi muito importante para o sucesso da formação”, diz Cursino.

Alguns dos temas trabalhados já tem um olhar consolidado na Ford e já eram mais bem resolvidos dentro de diferentes núcleos da empresa, mas não necessariamente de conhecimento de toda a organização. Para Cintia Salmazo, gerente de recursos humanos da Ford América do Sul, a formação trouxe grandes ganhos à Ford, como garantir um nivelamento de conhecimento em relação às principais tecnologias e plataformas e estimular o engajamento de colaboradores e equipes com transformação digital.

Além disso, os cases levantados pelo time do CESAR, para mostrar a aplicação desses conteúdos, levaram a uma troca de experiências, gerando mais conexão e benchmarking – porta para outras ações. Ela conta que a trilha de formação desencadeou uma segunda jornada que está acontecendo agora, internamente. 

“Estamos fazendo uma abordagem mais prática, para compartilhar casos reais e para as pessoas aplicarem essas ferramentas de forma contínua no dia a dia da empresa. Então estamos dando seguimento a esse aprendizado. A formação feita com o CESAR disparou esse pensamento e o olhar mais crítico para as oportunidades de transformação digital”, diz Cintia.

Bruno lembra que a empresa está passando por uma transformação muito grande, principalmente porque os carros, produzidos hoje, são todos conectados, o que abre uma série de oportunidades para melhorias nos produtos e na relação com os clientes.

“E compartilhar essas informações com um grupo muito grande acabou acelerando o nosso progresso aqui, para gerar mais valor. Vemos nossos executivos fazendo perguntas diferentes do que faziam antes e formando novas parcerias, com empresas que também trazem um novo olhar para as diferentes áreas de negócios. O que perdura até hoje é essa ânsia pelo aprendizado: ver que a transformação digital é infinita”, diz.

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