Tente construir mentalmente a imagem de um escritório industrial convencional: estações de trabalho individuais, um complexo com espaços bem divididos por setores e poucas áreas de convivência coletiva, hierarquia bem demarcada (muitas vezes, pelo próprio tamanho ou localização da sala, bem como pelo conforto da poltrona), processos de trabalho hiper sistematizados. Sentiu falta de alguma coisa? Talvez a palavra correta seja “respiro”. Com toda essa estrutura engessada e com dinâmicas previsíveis, sobra pouco espaço para o acaso e, assim, para a criatividade e a construção conjunta de soluções de vanguarda.
Agora, imagine a contramão de tudo isso: uma forma de trabalhar menos centrada no individual e mais voltada para o coletivo e as interações. No espaço de trabalho, estações isoladas não fazem mais sentido, já que a conexão entre pessoas é que gera ideias e oportunidades. Por esse mesmo motivo, a reunião de grupos é encorajada, não apenas nas tradicionais salas de reunião, mas em áreas de “descompressão” em que é possível fazer trocas com mais facilidade e leveza. Esses intercâmbios, aliás, são mais horizontais: boas ideias que podem se transformar em soluções independem de hierarquia. O que importa é a conectividade, que ultrapassa fronteiras físicas.
Pronto: você captou o conceito do HUB FCA. É uma proposta de trabalhar em rede de colaboração com mais possibilidades de criar e inovar ao abraçar o fato de que o mundo, assim como o mercado, é plural, fluido, volátil e complexo. As velhas fórmulas, assim, não servem mais — na verdade, suprem necessidades, mas não da melhor maneira possível.
“A ideia é que a consigamos, de forma colaborativa, trazer mais agilidade e melhor entendimento das propostas de valor que queremos desenvolver para os nossos consumidores, sejam elas de produtos ou serviços”, afirma Breno Kamei, diretor de Portfólio, Pesquisa e Inteligência Competitiva da FCA para a América Latina.
O enfoque é, sempre, o consumidor: o ser humano, cada vez mais conectado e interagindo com dispositivos, tem novas expectativas quanto ao que um carro pode oferecer. Assim, as conexões do HUB FCA captam tendências de mercado e de comportamento, novidades em tecnologia e consumo para prever soluções.
“Entendemos hoje que quando multiplicamos nossa presença, não só na fábrica como em outros lugares, junto a outros empreendedores criativos e empresas, aumentamos o nosso poder de consciência”, conta Mateus Silveira, gerente de Inovação de Produto e Conectividade da FCA Latam.
A FCA mapeou, por exemplo, uma rede de startups de áreas diversas — mais de 500 ao redor do mundo, em países da Europa, Ásia, América Latina e nos Estados Unidos — para a construção de uma estratégia emergente de inovação. “Podemos entender essas startups como surfistas que estão na melhor onda de cada área”, brinca Mateus, sobre um mar de estímulos e oportunidades. É a partir dessa rede capilarizada que a FCA tem condições de avaliar com quem deve se relacionar na construção de uma inteligência colaborativa.
Conheça também o Design Center, outro espaço inovador criado pela FCA para melhorar o trabalho e os produtos: “O QUE CRIAMOS AQUI É O QUE ESPERAMOS QUE AS PESSOAS VÃO ADMIRAR. ISSO MUDA VIDAS.”
Gustavo Delgado, coordenador da frente de Inovação e Conectividade, explica que um dos exemplos da formação dessa rede é o desafio lançado pela FCA na América Latina em parceria com o Programa Nexos, do Sebrae, para pensar o carro como plataforma e ponto de partida para oferecer novas soluções ao consumidor, ressignificando tecnologias já existentes no carro, ampliando seu uso e acesso às oportunidades que as cidades oferecem.
“Conseguimos mobilizar uma rede de atores com competências diversas. No total, 39 startups apresentaram soluções inovadoras, que se transformaram em 23 e, depois, em cinco finalistas”, explica Gustavo.
“O Nexos conversa muito com o nosso conceito de conectividade, entendido como a capacidade de operar em um ambiente de rede, nesse caso, formada por grandes empresas, startups e ambientes de aceleração atuando de forma colaborativa”, acrescenta.
Esse tipo de interação, que acontece por edital como no caso do Programa Nexos, faz parte da estratégia estruturada do HUB FCA, em que são estabelecidos processos, métodos e ferramentas. Um segundo movimento, desestruturado e aberto ao acaso, acontece em paralelo. Em outras palavras, um dos grandes méritos da nova forma de trabalhar é proporcionar encontros que geram insights e oportunidades inesperadas. Como conceito, o HUB já existe há alguns anos, foi testado em diversos formatos, e em 2019 ganhou dois pontos físicos de ancoragem: um dentro do Polo Automotivo Fiat, em Betim (MG, Brasil), onde trabalham cerca de 100 profissionais, e um fora das fronteiras fabris, num coworking em Belo Horizonte (capital de Minas Gerais) da rede WeWork.
“São nesses encontros que células autônomas têm oportunidades de colaboração”, conta Mateus.
A expansão para outros estados está prevista para 2020. Ele lembra que o HUB FCA tem também uma dinâmica itinerante: onde quer que um profissional envolvido nos processos da FCA tire seu notebook da mochila e se conecte com outras pessoas e iniciativas, ali está mais um ponto alcançado pela rede. Espaços físicos encontram limites geográficos. Ideias, não.
“A FCA saiu da fábrica para se integrar a outros ecossistemas e comunidades, para que esteja em lugares com saberes diferentes dos que ela já tem”, reforça Gustavo.
Ele conta que os cafés parisienses, pontos de encontro famosos no século XIX para trocas de ideias com potencial de alterar a nossa realidade, inspiraram o conceito. “São diálogos, conexões que não seriam possíveis se a FCA estivesse restrita à unidade fabril. Precisamos de abertura para sermos surpreendidos, respirar novos ares”, comenta. Dentro do polo automotivo, integrado à verdadeira cidade que é a fábrica, o HUB funciona como um estímulo disruptivo que convida a ver a indústria automotiva por um novo ângulo. Fora dali, em meio à cidade ampliada em que pessoas, repertórios, gerações e questionamentos convergem, torna a FCA mais sensível ao “agora”. Os resultados são promissores:
“Conseguimos enxergar mais amplamente e mais longe, ter mais consistência nas nossas atividades por conta de todo esse pano de fundo e mais agilidade e sustentabilidade econômica, social e ambiental para os processos e negócios”, finaliza Mateus.
Confira a apresentação do HUB FCA no vídeo abaixo:
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