Mesmo em estruturas enormes, a segurança é feita de pequenos detalhes. Na CTG Brasil, uma das líderes em geração de energia limpa no País, a preocupação com o aperfeiçoamento dessa área foi motor de uma transformação na empresa, um processo que iniciou em 2020 para reformular a cultura corporativa de segurança, desde os líderes até o dia a dia operacional.
Este processo de transformação levou à revisão de como a companhia lida com questões de segurança e percepção de riscos. Uma das iniciativas foi valorizar o poder da comunicação. Percebeu-se que, mesmo respondendo bem a situações delicadas, com a expertise necessária, os profissionais conversavam menos do que o desejável sobre riscos. Foi um ponto a ser aperfeiçoado, reforçando um dos valores da CTG Brasil: “Priorizamos a vida”.
“O diagnóstico da cultura de segurança nos mostrou que as pessoas acabam preferindo não levar problemas aos chefes ou pedir ajuda, e contam muito com a impressão de que a chance de acontecer um acidente é pequena. Daí surgiu um dos indicativos, que é analisar a qualidade dos relacionamentos nas equipes e dar o exemplo a partir das lideranças, desde o alto escalão”, relata Marcelo Gerhardt, gerente de Saúde e Segurança da CTG Brasil.
Esta jornada de aperfeiçoamento se alinha também a um dos temas estratégicos da companhia, que é promover um ambiente de trabalho seguro, saudável e diverso. Dentro do contexto da Plataforma ESG da empresa, que considera os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela ONU e pelo Pacto Global, do qual a CTG Brasil é signatária, esta preocupação com boas práticas vai de encontro ao ODS 8 – trabalho decente e desenvolvimento econômico. Outros ODS considerados prioritários pela companhia são os de número 7 e 15, que consideram, respectivamente, a importância de haver energia limpa e acessível, e ainda, um cuidado com toda a vida terrestre.
O trabalho para chegar ao diagnóstico de maturidade de segurança da companhia envolveu 400 profissionais, grupos focais com a participação de 144 colaboradores, visitas a 12 unidades da empresa, e ainda entrevistas em profundidade com executivos. Após este período de escuta, 32 ações foram transformadas em prioridades para uma jornada de iniciativas até 2024.
A participação ativa de líderes, aproximando-se do dia a dia operacional, foi uma das iniciativas tomadas. A presença deste profissional de referência abre portas para o diálogo sobre riscos e mantém os times com a coordenação afiada.
Formar guardiões de segurança também vem sendo uma estratégia eficaz para melhorar tanto o fluxo de comunicação como o bem-estar de quem trabalha na empresa. Profissionais com expertise em atividades de risco ganharam capacitação para o diálogo com os colegas, tornando-se canais próximos para a difusão de boas práticas e também ouvidoria. Na CTG Brasil, uma das regras de ouro é o Direito de Recusa: ao perceber um risco não controlado, o profissional tem assegurada a opção de não desempenhar a tarefa designada.
“O programa dos guardiões da segurança nos trouxe ferramentas fundamentais para disseminar a importância de pequenas atitudes ou até mesmo mudanças radicais no nosso dia a dia. A capacitação me ajudou a melhorar a forma de abordar os colegas, auxiliando eles a enxergar de forma nítida o que está sendo levantado em relação à nossa segurança.”
Thales Pimenta, técnico de manutenção eletroeletrônica da Usina Canoas II e guardião de segurança
O objetivo definido no processo de transformação cultural é de que, a cada ano, novos guardiões sejam capacitados, multiplicando o número de profissionais da CTG Brasil com um olhar diferenciado para a segurança. A meta da companhia é chegar a uma força de trabalho em que a maioria seja formada destes profissionais.
“Quando a gente pensa que podemos ter mais guardiões do que líderes, estamos almejando uma capilaridade, com mais gente cuidando uns dos outros, com conhecimento, informação e percepção de como tratar situações de risco”, pontua Gerhardt.
“Sempre gostei da área de saúde e segurança, e tive algumas experiências como cipeiro (profissional dedicado à prevenção dos riscos no trabalho)”, conta Pimenta. “Trabalhamos em uma área considerada de alto potencial de risco, portanto é importante aprimorarmos a cultura interna. Acredito que a empresa acertou no formato do programa, capacitando profissionais para que todos retornem para suas casas com segurança, do mesmo jeito que saíram.”
O processo de modernização de usinas da CTG Brasil é um dos pontos-chave no dia a dia em relação à segurança e, em muitos casos, o trabalho é realizado por empresas parceiras. Além das atividades de manutenção e modernização, áreas como meio ambiente, engenharia, logística, administração, segurança do trabalho, entre outras, também contam com a participação de terceiros. Em todos estes campos de atuação, a CTG Brasil convidou prestadores de serviço a participarem de workshops para o aprimoramento da cultura de segurança: foram 20 empresas envolvidas no último ano.
Uma das parceiras da CTG Brasil é a Estima Engenharia, de Três Lagoas (MS). Após prestar serviços de readequação de estrutura, como colocação de hidrantes e guarda-corpos, a empresa hoje trabalha na modernização das máquinas da usina Jupiá, hidrelétrica na região do município com 14 turbinas geradoras de energia.
Apenas no trabalho de reforma de uma destas estruturas, a Estima mobilizou 200 colaboradores. A engenharia pesada para uma rotina de manutenção desta envergadura, lidando com peças de 400 toneladas, requer um time de eletricistas, mecânicos, encanadores, soldadores e líderes dedicados à modernização do maquinário.
“São muitos trabalhos manuais de desmonte, reforma, pintura específica, uma mão de obra para trabalho pesado, porém criterioso, com uso de lixadeira e solda o tempo todo. Para tirar uma turbina é necessário um topógrafo para coordenar o processo”, explica Marcelo Molina, diretor comercial da Estima.
“Tivemos workshops sobre saúde e segurança para terceiros, capacitando a nossa gestão. Foi uma virada de chave e casou com o aumento da nossa presença na usina, vimos que precisávamos evoluir junto com a oportunidade.”
Marcelo Molina, diretor comercial da Estima Engenharia
A Estima passou a dedicar mais atenção ao fortalecimento da cultura de segurança e buscou especialistas de treinamento e comportamento, reorganizando valores e colocando a segurança em primeiro lugar. Hoje, a empresa tem um comitê de segurança que elabora campanhas internas com foco no bem-estar dos colaboradores. “A gente depende de pessoas, não teremos produto final sem elas. A iniciativa da CTG Brasil nos trouxe organização, capacidade de mensurar melhor os riscos e diminuir a chance de acidentes”, explica o diretor comercial.
O processo de transformação cultural está em andamento e segue em ampliação, dada a escala das operações da CTG Brasil. O “modo de segurança ativado” é um norte para a companhia chegar ao ponto em que os aprimoramentos nos protocolos de segurança sejam completamente absorvidos no dia a dia das atividades, tanto administrativas quanto operacionais, levando essa visão até para fora da companhia, pensando principalmente no trajeto. Após estudos internos desde 2020, o ano de 2022 foi o momento de colocar as inovações em prática, e isso é apenas o começo.
“Esse processo é algo vivo e em constante evolução. Após implantarmos todas as ações mapeadas até o final de 2023, vamos avaliar se bastou ou se precisamos de novas, depois de vivenciar o que implantamos, pois elas não são ações pontuais, são contínuas”, comenta Gerhardt, gerente de Saúde e Segurança.
Com olho clínico sobre a rotina, a CTG Brasil mantém reuniões diárias de avaliação e treinamentos para disseminar uma cultura de segurança no dia a dia, além de diálogos mensais em todos os polos da companhia. Líderes de diferentes polos trocam experiências para difundir a expertise sobre riscos da forma mais plural possível. Este ambiente é compartilhado também com prestadores de serviço, como a Estima.
“Para nós foi fantástico, pois trouxe um olhar diferente e um foco totalmente voltado para a segurança como prestador de serviço. Criamos um programa para cuidar das pessoas, com reuniões focadas em definir estratégias do mês na segurança, sempre pensando no cuidado ativo. É importante cuidar de si, do companheiro ao lado e permitir ser cuidado, para estar aberto a dicas e observações vindas de outros”, afirma Molina.
A tarefa é grande, do tamanho da responsabilidade, como comenta Gerhardt. “A construção e a manutenção da cultura de segurança são diárias. A gente tem que trabalhar sempre para que aquilo não ‘vire paisagem’. Vamos trazer mecanismos para essas ações para que não percamos isso de vista, que seja parte da cultura e não uma atividade automatizada. É um desafio nosso.”
Marina Sierra Camargo levava baldes no porta-malas para coletar e compostar em casa o lixo dos colegas. Hoje, ela e Adriano Sgarbi tocam a Planta Feliz, que produz adubo a partir dos resíduos gerados por famílias e empresas.
Em vez de rios canalizados que transbordam a cada enchente, por que não parques alagáveis? Saiba como José Bueno e Luiz de Campos Jr., do projeto Rios e Ruas, querem despertar a consciência ambiental e uma nova visão de cidade.