Hospitais com prontos-socorros cheio e filas intermináveis são, infelizmente, uma cena comum no noticiário brasileiro. De olho neste problema, o empreendedor mineiro Leonardo Lima de Carvalho, de 37 anos, fundou a ToLife, uma empresa que desenvolve equipamentos e softwares para gestão de fluxo de pacientes em unidades de atendimento médico de urgência e emergência.
Os equipamentos da ToLife são usados na triagem de pacientes, momento em que se determina o tempo máximo de espera pelo atendimento e o tipo de procedimento que deverá receber. “Essa classificação de risco é fundamental para organizar o atendimento aos pacientes e reduzir as filas em prontos-socorros para os pacientes que mais precisam de atendimento rápido”, afirma Leonardo.
Atualmente, a tecnologia da ToLife já é usada em mais de 5 000 unidades de saúde de 800 municípios, em 14 estados brasileiros, e impacta cerca de 5 milhões de pessoas por mês. “65% dos clientes são unidades de saúde pública”, afirma Leonardo.
A empresa está fechando o ano de 2014 com um faturamento de 10,4 milhões de reais, cerca de 30% a mais do que o do ano anterior. Como eles conseguiram isso?
A tecnologia desenvolvida pela ToLife lembra um computador portátil acoplado com equipamentos clínicos — medidores de temperatura, pressão arterial, oxigenação sanguínea e nível de glicose. Os dados captados pelos medidores são inseridos automaticamente no sistema. Além disso, o profissional de saúde responsável por fazer a triagem faz perguntas padronizadas ao paciente, como quais são as queixas e o nível de dor que está sentido.
Com base nos dados dos medidores e nas respostas, o software determina o nível de urgência do atendimento e divide os pacientes em grupos de cores: vermelho (emergência, atendimento imediato), laranja (muito urgente, atendimento em até 10 minutos), amarelo (urgente, atendimento em até 60 minutos), verde (pouco urgente, atendimento em até 120 minutos) e azul (não urgente, atendimento em até 240 minutos). Após esta classificação do risco, o paciente é encaminhado para a consulta.
O sistema usado pela ToLife é baseado no protocolo clínico de Manchester, criado em 1994 na Inglaterra e usado em países como Holanda, Suécia e Espanha. De acordo com Leonardo, a classificação de risco tenta driblar um problema comum nas unidades de saúde: pacientes que não têm necessidade de pronto atendimento e retardam. “Cerca de 60% dos pacientes que vão ao pronto socorro poderiam ser atendidos em consultas ambulatoriais agendadas”, diz. “A classificação de risco coíbe isso ao dar preferência a quem realmente precisa.”
COMO UM ENGENHEIRO SE APROXIMOU DA SAÚDE PÚBLICA
Leonardo começou a adquirir conhecimento em gestão de serviços na área da saúde em 2008, quando foi convidado pelo governo de Minas Gerais para ser gerente de um projeto de implantação da rede de urgência e emergência em unidades públicas de saúde. Formado em ciências da computação, ele tinha trabalhado por mais de uma década em empresas de telecomunicações e desenvolvimento de softwares. Ele também era professor universitário e ministrava aulas de gestão de projetos.
“Já tinha uma ligação muito forte com medicina, pois tenho muitos familiares médicos e até cogitei fazer o curso de graduação durante a adolescência”, conta. Nessa época, Leonardo uniu seu conhecimento em tecnologia com os serviços de saúde.
Acompanhando a rotina de um pronto-socorro, Leonardo conheceu as dificuldades que o inspirariam a criar a ToLife. “Para um pronto socorro ser eficiente é preciso ter vários equipamentos e insumos. Eu precisava de nove fornecedores diferentes para manter o serviço de classificação de risco em operação”, diz ele. Leonardo pesquisou fornecedores estrangeiros para achar algum equipamento que poderia solucionar as suas necessidades, mas não encontrou nada relevante. “Decidi eu mesmo criar um equipamento para gestão de fluxo e classificação de risco em pronto-socorro.”
Em 2009, Leonardo montou o modelo de negócio da ToLife e fez o registro de patente do produto no Brasil e em outros países da América Latina, como México, Peru e Colômbia. O capital de 1,5 milhão de reais para montar a empresa foi levantado junto com amigos e conhecidos do empreendedor. “Anos antes, eu tinha trabalhado na Fumsoft, instituto de fomento a empresas emergentes de tecnologia. Lá, conheci alguns investidores-anjos”, diz Leonardo.
“Quando criei a empresa, eu literalmente passei o chapéu junto a pessoas que poderiam investir na ToLife”
No início da operação, a ToLife era focada apenas em vender o hardware e o software para triagem de pacientes e gestão de fluxo. Porém, o empreendedor logo percebeu que a sustentabilidade financeira da empresa dependia de receitas recorrentes. “Ao mesmo tempo, apenas a compra dos equipamentos não garantia aos nossos clientes a melhora dos processos internos nas unidades de saúde.”
QUANDO UM NOVO MODELO DE NEGÓCIOS REPOSICIONA A SUA EMPRESA
Em 2011, Leonardo começou uma reformulação no modelo de negócio da empresa, que passou a ser focada em serviços. Hoje, a ToLife vende equipamentos e softwares, insumos (como tiras para exames de glicose) e presta serviço de implantação e suporte de operação. A empresa vende somente o plano completo. Por sua vez, o cliente paga uma taxa inicial de instalação da tecnologia e uma taxa anual de apoio e manutenção.
Entre os serviços prestados está uma plataforma online que gera métricas sobre o fluxo de pacientes, como a demanda e oferta de cada especialidade médica, o tempo gasto em cada processo (triagem, primeira consulta, tempo de permanência total do paciente na unidade de saúde), uso de serviços auxiliares, como exames laboratoriais e de imagem, e uso de medicações. Tais serviços tornam o atendimento e a gestão da unidade de saúde mais eficientes, como Leonardo explica:
“Com base nos dados, o gestor da área sabe quais são os gargalos e as equipes mais produtivas. Com isso ele pode tomar decisões para escolher quais setores precisam de mais investimento”
A ToLife também oferece uma plataforma de ensino à distância para os profissionais de saúde, que aprendem a usar os equipamentos e noções de como funciona a classificação de risco. Displays eletrônicos e material publicitário para orientação aos pacientes também estão inclusos no serviço.
Após a mudança no modelo de negócio, a ToLife conseguiu feitos importantes. Em 2012, a empresa passou a fazer parte da Endeavor, organização americana de fomento e apoio ao empreendedorismo de alto impacto que atua em mais de 20 países. No Brasil, a organização tem como mentores figuras de peso, como Jorge Paulo Lemann, do Fundo 3G Capital, e Luiza Trajano, da Magazine Luiza.
Em 2013, Leonardo Carvalho recebeu o prêmio Empreendedor do Ano, da companhia inglesa de consultoria e auditoria Ernst & Young. Entre os critérios usados pela seleção estão resultados financeiros, potencial de crescimento e inovação em produtos.
No início de 2014, a ToLife conquistou deu mais um passo para ajudar sua expansão, ao receber um aporte do fundo Vox Capital, que investe em empresas emergentes de impacto social. Após o aporte, a ToLife criou um conselho deliberativo para definir as próximas ações da empresa. Uma das conselheiras é a ex-presidente da GE Healthcare na América Latina, Claudia Goulart.
“Os conselheiros nos ajudam em tomadas de decisões estratégicas, como a escolha de novos públicos e desenvolvimento de produtos”, conta Leonardo. Uma das decisões tomadas pelo conselho foi a de flexibilizar o custo dos serviços para atender unidades de saúde menores e mais simples, que recebem pacientes das classes C, D e E.
“Queremos que a nossa tecnologia chegue cada vez mais a quem precisa de atendimento de urgência e emergência de forma ágil. Esse é o impacto social da ToLife”
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