Você já ouviu falar em comunidade intencional? Segundo Izadora Barros, fundadora da Commu, trata-se de um espaço acolhedor — seja físico ou online — de diferentes nichos, liderado e pensado estrategicamente para que pessoas com um propósito comum se conectem, troquem experiências e evoluam.
Para ela, o Big Brother Brasil se encaixa neste conceito (veja aqui), já um grupo de WhatsApp pode tanto ser como não ser uma comunidade intencional. “Não adianta nada criar um grupo neste aplicativo, adicionar 100 pessoas lá dentro e esperar a mágica acontecer, pois uma comunidade intencional precisa ter uma liderança, estratégias, acordos e planejamento, para gerar senso de pertencimento entre os membros”, diz a empreendedora.
“Eu até brinco, quando a gente fala de WhatsApp, que existem grupos de condomínio que a gente denomina de comunidade em potencial. Os membros moram no mesmo lugar, têm necessidades similares, poderiam se conectar de diversas maneiras, mas ali o que acontece muitas vezes são brigas. Por quê? Faltou um acordo, um moderador, rituais de conexão”
É justamente esta a solução oferecida pela Commu, que conta com um serviço de gestão de comunidades e consultorias para a criação e gestão de comunidades.
Mas você pode estar se perguntando: quem precisa disso? Empresas como Unilever e ACE Cortex ou influenciadores como Duda Vieira e Murilo Gun, alguns dos mais de 40 clientes atendidos pela startup e que a ajudaram a faturar mais de 820 mil reais no ano passado.
Natural de Brasília, a empreendedora sempre esteve envolvida com a área criativa na internet.
“Desde cedo, tive blogs e fotoblogs, perfis no YouTube, Flickr e outras redes sociais. No Orkut, eu criei e liderei o fã-clube do RBD. Quando entrei no Facebook, me voluntariei para gerenciar comunidades de mulheres, inclusive de empreendedoras”
Izadora não sabia, mas já estava exercendo a função de gestora de comunidade. Apesar de ter cursado Direito, ela resolveu embarcar nesta área ao aceitar, em 2016, a proposta de um amigo, dono de um coworking, para ser a community manager do local.
“Brinco que lá foi minha faculdade. Fiquei cinco anos gerenciando a comunidade presencial e, com a pandemia, fui para o digital.”
A PARTIR DO APRENDIZADO PRÁTICO, ELA CRIOU UM CURSO
Ao migrar para o digital, Izadora achou que a gestão de comunidades neste ambiente ainda estava um pouco confusa, “muito mais focada em métricas de vaidade do que nas pessoas envolvidas”.
Com o repertório adquirido no coworking, ela começou a oferecer consultorias e aulas presenciais sobre o assunto após desenvolver a própria metodologia. Mas com a necessidade de isolamento social, ela transferiu os cursos para o digital, lançando em 2021 o Portal Como Criar Comunidades.
O portal hoje é dividido em três pilares: uma comunidade que funciona na plataforma Nichoos, para os alunos dividirem suas experiências e materiais de apoio, desabafarem, pedirem ajuda e receberem vagas na área; três cursos gravados; e encontros ao vivo (dois por mês). O acesso custa 997 reais por ano.
Os cursos são voltados tanto para quem quer criar quanto gerenciar comunidades. De lá, já saíram novos projeto idealizados por alunos e que estão em atividade até hoje, como a comunidade Sentido Viajante, com foco em nômades digitais.
Em 2022, a partir das próprias necessidades como gestora de comunidades e infoprodutora, Izadora fundou a Commu.
“Eu sentia três dores pontuais neste mercado. A primeira era a dificuldade de encontrar gestores de comunidade capacitados; a segunda, ver pessoas que não eram dessa área nas empresas sendo sobrecarregadas com essa função; e a terceira era perceber que quem cria uma comunidade não consegue gerenciá-la, por ter outras demandas do negócio”
Ela começou a startup sozinha, mas depois se juntaram ao time os cofundadores Rafael Fernandes, que já foi aluno de Izadora, Ana Beatriz Santiago e Fernanda Roza, que trabalhavam com ela no Portal Criando Comunidades. Aliás, o portal tornou-se um produto da Commu.
Hoje, além dos cursos, a startup oferece uma solução que Izadora chama de Community as a Service, que engloba consultorias para trazer estratégia e intencionalidade para que empresas e influencers possam criar suas comunidades e o serviço de gestão de comunidade, em que o negócio aloca um líder e um gestor para atuar no dia a dia da comunidade do cliente.
Entre os clientes do negócio está a Unilever, que tem duas comunidades híbridas (com encontros presenciais pontuais) gerenciadas pela Commu.
“A gente atua com a Mãe Terra, com uma comunidade voltada para pais e mães falarem sobre alimentação infantil. E a gente gerencia também a Garagem Unilever, uma comunidade interna focada nos colaboradores e que tem como tema a inovação”
Outra empresa que adotou o serviço da Commu foi a Ace Cortex. “É uma comunidade de C-levels em que a gente conseguiu aumentar em 90% a percepção de valor dos clientes com a marca e ajudar a criar produtos certeiros com base no feedback da comunidade.”
As comunidades digitais gerenciadas pelo negócio estão ativas em sete plataformas: WhatsApp, Telegram, Facebook, Circle, Nichoos, Discord e Cativa. “No processo de estruturação, a gente define, entendendo o propósito da comunidade e qual a persona, as melhores plataformas de atuação para aquele cliente.”
Há uma série de pesquisas que Izadora pode citar para provar a eficiência das comunidades em organizações e para influenciadores.
Uma delas, da Deloitte, mostra que comunidades podem aumentar as vendas em até 20% em comparação com outros canais de marketing. Outra, da Wyzowl, aponta que 70% dos consumidores preferem aprender sobre novos produtos em comunidades online do que em anúncios tradicionais.
“Hoje, as comunidades são uma solução no aumento do life time value (LTV) [valor que um cliente retorna ao longo do tempo]; na criação de cases e provas sociais; e na monetização e previsibilidade financeira para muitos creators”
Apesar dos resultados mensuráveis, Izadora diz que ainda é um desafio conscientizar as empresas sobre a potência e os impactos positivos de abrir esses espaços de troca.
“Hoje as pessoas e as empresas já têm noção da importância do marketing, de criar conteúdo nas redes sociais, mas ainda não há o entendimento total de que é preciso ter e cultivar uma comunidade intencional.”
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