Vrumm, vrummm… Se depender da Voltz Motors, em breve esse ronco do motor de uma motocicleta vai se tornar coisa do passado.
Com sede em Recife, a startup desenvolve e fabrica scooters e motos elétricas com a ambição de tornar o transporte urbano menos poluente e mais barato (e silencioso), ajudando assim a desenhar o futuro da mobilidade no país.
Fundada em 2017, a Voltz lançou seu primeiro modelo em 2018 e hoje tem motos rodando em todos os estados. “Somos a empresa que mais vende veículos elétricos no Brasil”, diz Manoel Fonsêca, sócio e CMO da Voltz.
A startup vendeu 1 mil unidades em seu primeiro ano e, de lá para cá, em plena pandemia, construiu uma nova fábrica para agilizar a produção e acelerar o desempenho (em 2021, o faturamento foi de 145 milhões de reais).
UMA PARCERIA COM O IFOOD AJUDA A VOLTZ A REDUZIR OS CUSTOS PARA OS MOTOQUEIROS E A TORNAR O DELIVERY MAIS ECOLÓGICO
A Voltz tem três modelos principais disponíveis no mercado. O EV1 Sport é uma scooter elétrica, a versão evoluída da primeira moto desenvolvida pela startup. Anunciada no site por 14 990 reais, alcança até 75 quilômetros por hora, e tem autonomia de 100 km (com uma bateria) ou 180 km (com duas).
A EVS é um modelo mais veloz (até 120 km/h) e de linhas mais arrojadas. Tem GPS integrado e a possibilidade de atender ou recusar chamadas telefônicas no próprio painel. Também é possível desligar e travar a moto à distância (o que em tese inviabializaria a ação de criminosos). Custa 19 900 reais.
Essas são motos voltadas ao consumidor final. Porém, o universo corporativo responde por uma parte central da estratégia da Voltz. É aí que entra a EVS Works (16 490 reais, segundo o site), que apresenta GPS antifurto, sistema de diagnóstico remoto e suporte para baú com capacidade de até 20 quilos.
Em maio de 2022, a empresa anunciou uma parceria com iFood, que adquiriu motos da Voltz para oferecê-las a seus entregadores por um preço mais em conta, 9 990 reais. Manoel afirma:
“O projeto está sendo um sucesso. Alguns motociclistas chegaram a economizar 700 reais num mês só em combustível”
Segundo a Voltz, enquanto uma moto a combustão consome em média 150 reais em combustível a cada 1 mil km rodados, com a EVS Works, o gasto em energia elétrica para percorrer a mesma distância seria de apenas 20 reais.
Outras vantagens seriam a isenção de IPVA em alguns estados e o custo quase nulo de manutenção, já que não há obrigatoriedade de revisão e nem necessidade de trocar óleo ou cabo de embreagem. Além, é claro, dos benefícios ambientais: nada de poluição sonora e de emissão de CO2.
O CEO e fundador da Voltz é Renato Villar, 36. Durante três anos, ele gerenciou o time de vendas da Ambev. Até que, em 2013, empreendeu a P2M, uma distribuidora de componentes de motocicletas.
Viajando a negócios, Renato via como a mobilidade elétrica estava em alta. Na China, descobriu que cerca de 90% das motos do país rodavam com eletricidade.
Foi assim que ele decidiu apostar no avanço desse modelo aqui no Brasil. Em 2017, com um investimento de 5 milhões de reais, Renato deu a partida no desenvolvimento de uma moto elétrica.
Ele e Manoel já tinham trabalhado juntos na Ambev e na P2M. Assim, então, surgiu o convite para que o ex-colega embarcasse no projeto como sócio e CMO. Manoel conta:
“Juntos, começamos a fazer pesquisas e a entender o que significaria criar as condições para mudar esse ecossistema de mobilidade no Brasil”
Em 2019, a Voltz lançou seu primeiro modelo, o EV1, uma motocicleta elétrica fabricada na China com tecnologia desenvolvida no Brasil.
Para ajustar o produto, os sócios fizeram testes colocando a scooter na mão de potenciais consumidores (por exemplo, em um evento realizado num shopping de Recife) e coletando feedbacks.
Um desafio foi mudar a mentalidade dos usuários, ainda acostumados aos veículos à combustão. “É como comparar uma moto com uma bicicleta: não é porque tem duas rodas que é a mesma coisa”, diz Manoel. A usabilidade é bem diferente: a moto elétrica não tem embreagem e o freio não fica no pé. “Basta acelerar, o resto é tudo automatizado.”
Entre os pontos levantados durante os testes com o público, o principal foi a questão do carregamento da bateria.
“A maioria dos veículos elétricos precisa de uma tomada específica para carregar. O nosso carrega em qualquer uma. Tem muito mais tomada que posto de gasolina, e você ainda pode abastecer de graça na casa da sogra, do amigo, na empresa… O custo fica quase zerado”
A primeira loja da marca foi aberta em novembro de 2019, na capital pernambucana.
“Na primeira semana, conseguimos vender um número acima do esperado”, diz Manoel. “Foi quando acreditamos que o negócio realmente ia dar certo.”
Hoje, a Voltz tem 11 lojas em capitais brasileiras e cerca de 60 pop-up stores espalhadas pelo país, além de um time com 369 pessoas.
Em 2021, a startup recebeu um aporte de 100 milhões de reais, liderado pela plataforma de crédito Creditas e pelo Grupo Ultra, de distribuição de combustíveis, que inclui Ipiranga e Ultragaz.
A expectativa é que a Creditas, enquanto investidora, facilite a aquisição dos veículos pelos consumidores finais através de taxas vantajosas. O investimento também deve ajudar a startup a diversificar e aprimorar seus produtos.
Por enquanto, o aporte já permitiu turbinar a operação. Em junho, a Voltz abriu uma fábrica no Polo Industrial de Manaus, com capacidade para produzir um total de até 15 mil veículos por mês.
A meta é reduzir a dependência de suprimentos da China, o que tem causado atrasos constantes, e otimizar o tempo de entrega das motocicletas, que hoje pode levar meses. O sócio e CMO afirma:
“Nossa maior dor hoje é a entrega do produto. Com certeza a fábrica é um divisor de águas, em que a gente consegue reduzir a dependência da China, dando celeridade à produção e à entrega”
A expectativa, segundo Manoel, é que em outubro ou no máximo novembro deste ano a Voltz já tenha motos em pronta entrega com produção 100% nacional, saídas da fábrica de Manaus.
A parceria em andamento com o iFood está servindo para avaliar a eficácia de um novo projeto da empresa: as estações Voltz, ainda em fase de testes,
Trata-se de gabinetes em que o entregador troca a bateria do veículo por uma nova, já carregada, de forma rápida e fácil, sem pegar fila.
Atualmente já existe a possibilidade de comprar uma moto sem a bateria embutida, o que pode reduzir em até 40% seu valor final; o consumidor pode optar por ir trocando baterias nas estações e pagando por cada troca.
A ideia é que o programa esteja rodando até o fim de 2022, inicialmente restrito aos entregadores de delivery da cidade de São Paulo. No horizonte futuro, porém, a Voltz planeja criar uma malha de estações de trocas de baterias que atenda a todos os motociclistas, no país inteiro.
“Ainda precisamos de um investimento altíssimo para fazer esse sonho se tornar realidade”, diz Manoel. “Mas não vemos a hora de ter estações Voltz em todos os estados do Brasil.”
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