A cada ano, mais do que dobra o número de grandes empresas brasileiras que realizam inovação aberta, segundo o Panorama da Open Innovation entre Corporações e Startups no Brasil, publicado pela 100 Open Startups.
Companhias de todos os tamanhos e setores abraçam a oportunidade de conectar-se com scale-ups, buscando cultivar relações inéditas que contribuam para o desenvolvimento de um ecossistema mais aberto e colaborativo.
A maioria ainda está em fases iniciais de aprendizado, portanto é importante conhecer as boas práticas que levam a ganhos mútuos na geração de mais e melhores negócios.
Os benefícios em ter grandes empresas como clientes, parceiras e investidoras alcançam tanto startups quanto scale-ups mais maduras.
Uma startup inicial pode contar com apoio na validação, desenvolvimento ou melhoria de produto e na construção de case para vendas futuras, acelerando seu crescimento
Compartilhar experiência e conhecimento para validar uma ideia pode diminuir o tempo de entrada de tecnologias no mercado, alavancar o alcance das soluções da startup e contribuir para o seu posicionamento no setor de atuação.
Já para uma scale-up, que está em fase de expansão e escala, a conexão é uma oportunidade de conquistar uma fonte adicional de receita para crescer e multiplicar seu impacto positivo
A parceria também pode culminar em um novo canal de vendas ou até em uma internacionalização facilitada.
Do outro lado, ao interagir com o ecossistema empreendedor, que se caracteriza pela velocidade, as grandes empresas aprendem sobre formas mais ágeis de inovar, ganham eficiência e diminuem custos e riscos.
Ao liderar mudanças e disrupções de forma colaborativa, elas se tornam protagonistas da transformação delas mesmas e do mercado.
Além disso, estar próximo de quem inova ainda possibilita fomentar uma cultura ágil e um mindset empreendedor na organização, posicionar a marca ligada à inovação e atrair novos talentos
A colaboração entre os players se dá de diversas maneiras a fim de gerar valor compartilhado. As scale-ups são capazes de ajudar as empresas a encontrarem novas maneiras de resolver problemas urgentes com tecnologias comprovadas e escaláveis.
Levando inovação em contextos inéditos, elas podem resolver desafios e gargalos operacionais, criar um novo produto em conjunto ou até mesmo acoplar soluções para que a corporação apresente uma proposta de valor mais completa aos clientes.
Cada uma dessas possibilidades é mais adequada para atingir um objetivo, por isso recomenda-se diversificar os formatos de acordo com as necessidades da empresa para ampliar as chances de sucesso.
Considerando que algumas corporações já realizam inovação aberta há algum tempo, enquanto outras ainda estão dando os passos iniciais, as empreendedoras e empreendedores devem dedicar-se a estudar as oportunidades de troca.
Recomenda-se que conheçam bem não só o negócio, mas também a experiência da empresa com a qual desejam se conectar, porque organizações menos maduras provavelmente ainda não têm uma cultura aberta à inovação e processos simplificados.
É sempre importante ter clareza da intenção de ambos com a parceria e cultivar empatia pelo outro lado
Startups em estágios iniciais devem ter cuidado, pois ainda estão aprendendo e correm mais risco de aceitar uma proposta que não seja tão adequada a seus objetivos.
Já a grande empresa deve desbloquear desafios internos para garantir que todas as lideranças estejam alinhadas à estratégia de inovação, com vontade de aprender e de fazer.
Faz parte da adaptação incorporar a mentalidade das scale-ups: quanto mais rápidos e ágeis os processos, melhor.
Para além da cultura, um passo que facilita a interação é rever toda parte processual e burocrática, o que na prática significa criar processos de cadastro simplificados, padronizar contratos e acordos de confidencialidade e estabelecer prazos razoáveis de negociação
Também é essencial envolver desde o início as áreas viabilizadoras, como compras, jurídico e tecnologia da informação para que trabalhem em conjunto a fim de chegar nos melhores caminhos da parceria.
É possível elencar fatores-chave para um bom negócio de inovação aberta. Depois de conversar com empreendedoras e empreendedores da rede Endeavor, entendemos que eles se dividem em quatro principais frentes: compatibilidade entre o problema e a solução proposta; preparo para geração de negócios; engajamento das partes; e aspectos culturais.
A fim de alcançar os resultados desejados, é recomendado ter bastante clareza do desafio que pode ser trabalhado em conjunto e garantir que seja efetivamente uma dor latente.
No dia a dia, é essencial ter um fluxo de comunicação e rotina de acompanhamento bem definidos e clareza do fluxo da scale-up internamente
O óbvio também precisa ser dito: só é possível trabalhar em conjunto se há acesso aos recursos e informações necessários, então reserve um orçamento para o projeto.
Por fim, lideranças e área de negócios engajadas fazem toda a diferença, assim como a cultura e mentalidade da empresa — que, indiscutivelmente, deve estar receptiva para a inovação.
A tendência é que a inovação aberta cresça ainda mais no Brasil, pois a curva de aprendizado é vigorosa e, quanto mais madura a empresa, maior o impacto no ecossistema.
De 2020 para 2021, o número de conexões entre grandes empresas e scale-ups da rede Endeavor aumentou mais de 45%.
Acumulando uma série de experiências, tanto as empreendedoras e empreendedores como as grandes empresas se sentem mais confortáveis com as trocas e podem trazer mais complexidade para as interações.
Com níveis de engajamento maiores, ambos os lados assumem projetos mais arriscados – é questão de prática e tempo.
Com os dois lados dispostos a trabalhar de forma colaborativa, é certo que a relação será ganha-ganha, não só para as partes envolvidas como para todo o país
A prática catalisa o crescimento de scale-ups, que solucionam uma série de desafios e geram empregos e renda, e assim multiplica o impacto positivo do empreendedorismo inovador.
Giovanna Fiorini é gerente de Inovação Aberta na Endeavor. Formada em Relações Internacional pela PUC Rio de Janeiro, pós-graduada em Gestão de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, ela soma vivência internacional pela Science Po e é certificada em Agile Teams e Innovation Toolkit pela Hyper Island.
Quantos anos de trabalho você ainda tem pela frente? Entenda por que a métrica para se determinar a fatia economicamente ativa da população está defasada – e por que deveríamos inverter já o nosso conceito de longevidade.
Num mundo em constante mudança, saber abraçar o caos é essencial à inovação. Fernando Seabra, empreendedor, mentor e investidor, explica como atravessar esse “labirinto de complexidades” e aproveitar as oportunidades que ele oferece.
Transformar pesquisas acadêmicas em soluções aplicadas não é algo trivial. A engenheira agrônoma Carmem Lucas Vieira compartilha o que aprendeu sobre este desafio ao participar de uma aceleração com foco em cientistas.