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A escola precisa ser um ambiente seguro. Garantir a segurança e o bem-estar de alunos e professores é a missão da School Guardian

Bruno Leuzinger / 18 abr 2023
Leo Gmeiner, fundador da School Guardian.
Bruno Leuzinger - 18 abr 2023
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Está com medo de mandar seu filho para a escola? O app Filho Sem Fila promete reduzir os riscos da Covid-19 em sala de aula.

Este era o título da matéria publicada pelo Draft em agosto de 2020 sobre a história da startup Filho Sem Fila – que mudou de nome e agora atende por School Guardian.

Por uma triste ironia, aquela pergunta do título – sobre o medo de mandar os filhos à escola – continua valendo, quase três anos depois. A razão, porém, é outra: os ataques recentes e a onda de ameaças anunciando massacres em colégios. 

O Governo Federal criou um canal de denúncias sobre o tema; segundo uma especialista da Unicamp, por trás das mensagens – falsas ou não – que correm pelas redes sociais estaria a intenção de causar pânico na população.

“Mudou o tipo de medo, mas o medo está aí, e está forte”, diz Leo Gmeiner, 47, fundador da School Guardian. 

A startup surgiu em Santo André (SP), em 2013, com a proposta de agilizar o embarque e desembarque dos alunos. Daí o nome original, Filho Sem Fila: a ideia era evitar – com ganhos de tempo e segurança – aquele engarrafamento que se forma na porta da escola.

Em março de 2021, a empresa foi rebatizada. A nova marca, School Guardian (“guardião escolar”), se adequava melhor aos planos de internacionalização e abrangia outras funcionalidades que já estavam em implementação ou desenvolvimento.

UMA DAS NOVAS FUNCIONALIDADES POSSIBILITA À ESCOLA MONITORAR A LOCALIZAÇÃO DE CADA ALUNO EM TEMPO REAL

Desde a origem, a startup foi, cada vez mais, saindo de um foco mais exclusivo em logística para incorporar, no seu escopo, um olhar mais agudo e abrangente para a questão da segurança. 

Leo fala sobre essas funcionalidades mais recentes – criadas, em alguns casos, com o pensamento já no mercado externo.

“A gente passou a fazer, por exemplo, [monitoramento da] localização interna, para poder saber – no caso de um terremoto ou de um atirador que entre na escola – onde está cada pessoa, seja um estudante ou um professor ou profissional”

Basicamente é o seguinte: por meio do sistema da School Guardian a escola pode criar ambientes virtuais que correspondem a seus espaços físicos – a sala de aula, o laboratório, a quadra etc. 

Daí, a administração do colégio controla o check-in e o check-out dos estudantes ou profissionais nesses ambientes, gerando um QR Code para cada pessoa ou ainda por meio de reconhecimento facial ou biometria (leitura de impressão digital).

“Importante: a gente não instala nenhum tipo de app de rastreamento nos devices [smartphones] dos alunos, até por uma questão de privacidade”

Além disso, a startup não tem acesso direto às informações. “A nossa equipe não pode acessar a área administrativa da escola, a não ser que a escola nos peça suporte e autorize.”

A STARTUP DISPONIBILIZA BOTÕES DIGITAIS DE EMERGÊNCIA QUE PERMITEM DISPARAR ALERTAS COM AGILIDADE 

Outra funcionalidade implementada recentemente pela School Guardian são os botões digitais de emergência. 

“Esse conceito já existia no nosso roadmap”, diz Leo. “Desenvolvemos no finzinho do ano e lançamos agora, entre janeiro e fevereiro.”

Segundo Leo, cada colégio pode criar quantos botões quiser, cada um para uma situação específica.

“Os botões podem ser usados desde para avisar a equipe de manutenção que tem alguma coisa quebrada até avisar a polícia para uma situação como essas [de ataques] que a gente está vendo no Brasil e infelizmente já são frequentes em alguns países…”

O disparo dos botões fica a cargo de funcionários designados pela própria escola,  através de um aplicativo e, segundo a School Guardian, em breve também via smartwatches. 

A solução pode servir ainda, por exemplo, para notificar os bombeiros em caso de incêndio ou alertar os pais sobre a dificuldade de acesso por conta da chuva:

“Vamos supor que eu tenha uma enchente na porta da escola e quero avisar os pais que não venham, porque está impossível de chegar. Isso também pode ser usado dessa maneira.”

O RECONHECIMENTO DE PLACAS DE VEÍCULOS E O USO DA TECNOLOGIA DE “CERCAS VIRTUAIS” TRAZEM GANHOS DE SEGURANÇA

Um terceiro serviço que a School Guardian incorporou nos últimos tempos foi o reconhecimento de placa de veículos por meio de câmeras instaladas no acesso à escola. Assim, é possível garantir apenas a entrada de pessoas cadastradas.

“Também assinamos – isso é bem recente – um contrato com a Sem Parar, que permite que a gente use as etiquetas deles para fazer essa mesma validação”

A funcionalidade original da plataforma – agilizar o embarque e desembarque de alunos por meio de alertas antecipados – segue firme. Até hoje, já foram quase 10 milhões de chamados. Ou seja, 10 milhões de vezes que um pai ou responsável acionou o botão do app que notifica a escola de que ele ou ela está a caminho.

Para dar mais fluidez ao processo, a School Guardian usa a tecnologia para estabelecer “cercas virtuais” em torno do colégio e identificar, pela geolocalização do celular dos pais, quando eles estão se aproximando do perímetro:

“O pai ficar menos tempo exposto do lado de fora – correndo o risco, nas capitais brasileiras, de um assalto –, esse acaba sendo o grande benefício. Acelerar o processo acabou virando um benefício colateral” 

Há ainda o serviço de monitoramento do transporte escolar. Nessa frente, a startup integrou outra funcionalidade, adotada no auge da pandemia: a notificação sobre o estado de saúde do estudante

“Então, se eu reporto que o meu filho está doente, o transportador sabe que ele não pode embarcar na van ou no ônibus.”

ALÉM DA OPERAÇÃO NO BRASIL, A SCHOOL GUARDIAN MANTÉM UM ESCRITÓRIO NOS EUA EM BUSCA DE INVESTIMENTO

A School Guardian hoje está presente em mais de 400 escolas do Brasil, impactando 115 mil alunos e cerca de 250 mil pais e responsáveis. Segundo Leo, o perfil de clientes é amplo, inclui desde escolas de elite até colégios de bairro. 

O pacote básico custa algo em torno de R$ 1,60 por aluno por mês. A partir daí são oferecidas funcionalidades extras – os botões de emergência, o reconhecimento de placa, o rastreamento de transporte escolar etc. –, com um custo adicional.

O empreendedor destaca uma das funcionalidades que vem contando com boa adesão:

“Os QR Codes têm sido bem aceitos pelas escolas, porque facilitam muito o uso do dia a dia e elevam a segurança – por exemplo, mostrando para a equipe de portaria se uma determinada criança pode sair desacompanhada ou não. Essa gestão está lá no aplicativo dos pais”

A internacionalização segue em curso. Os primeiros clientes internacionais foram a Avenues School, em Nova York, e o St. Patrick’s, em Montevidéu. No momento, a School Guardian está presente em quatro escolas nos EUA, duas no estado de Nova York, uma em West Virginia e outra em Maryland.

Além de uma operação com 12 pessoas no Brasil, a startup mantém um escritório em Chicago, para captar investidores e identificar oportunidades. 

“Temos algumas pessoas part-time nos Estados Unidos. Um C-level estratégico e mais gente nos ajudando na parte financeira, e com marketing e vendas.”

O próprio Leo deixou, em janeiro de 2023, o cargo de CEO da School Guardian (hoje ocupado por Marianne Vital) para assumir uma nova função: head de vendas internacionais e parcerias.

POR MEIO DE UMA PARCERIA, A STARTUP AMPLIOU SEU OLHAR PARA INCLUIR O CUIDADO COM A SAÚDE MENTAL DOS ESTUDANTES

A internacionalização de olho no mercado estadunidense, onde os tiroteios em escolas são uma trágica realidade há bastante tempo, acabou levando a School Guardian a reforçar o viés de segurança em sua oferta de serviços.

Nos últimos meses, reforçar a segurança se tornou justamente uma das demandas mais urgentes das escolas brasileiras, em meio aos ataques e ameaças recentes:

“Infelizmente isto começou a acontecer aqui. Tem muito boato, com certeza, temos que tomar cuidado e verificar as informações… Mas ameaças têm acontecido de fato”

Leo tem um filho na faculdade e outro no Ensino Médio. “Essas informações estão deixando muita tensão nos estudantes também”, afirma. Até por isso, a empresa resolveu ampliar seu olhar para incluir a saúde mental dos estudantes.

Por meio de uma parceria com a U4Hero (startup brasiliense da qual Leo é membro do Conselho), a School Guardian vem oferecendo, como serviço adicional, uma solução de monitoramento socioemocional das crianças.

“É algo supertranquilo, nada invasivo. São jogos desenhados para que as tomadas de decisão [dos estudantes, durante a atividade] digam para os professores, num dashboard, como os alunos estão se sentindo…”

A ideia é abastecer educadores e psicopedagogos com informações que ajudem a identificar tristezas, medos e angústias – que, fora de controle, podem degringolar numa espiral de violência.

“Estamos olhando para trazer mais soluções que ajudem os gestores e professores a gerenciar a segurança”, diz Leo. “E quando se fala nessa parte socioemocional, isso está muito conectado a segurança, também.”

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