Nos últimos anos, o Corporate Venture Capital e Corporate Venture Building se tornaram a nova fronteira para empresas maduras que olham para a inovação. Nesse contexto, em setembro de 2022, CESAR e Kyvo anunciaram a Arbos, uma parceria para a estruturação de projetos de CVC e CVB, que foca na entrega de todo o ciclo e camadas de uma estratégia de desenvolvimento de inovação aberta com olhar ESG.
“Apostamos em um modelo que junta a evolução da inovação com ESG e o olhar para o CVC e o CVB, como uma forma de acelerar soluções para empresas, produzindo impacto social e ambiental”, conta Eduardo Peixoto, CEO do CESAR.
O CESAR já vinha trabalhando com o desenvolvimento de modelos de inovação aberta em ambiente corporativo, sem sistematizar ou oferecer esse tipo de serviço como produto para o mercado, e a Kyvo, como aceleradora corporativa, já faz diversos programas de inovação. Nessa parceria, as instituições se complementam e trazem, para a Arbos, uma composição atrativa: Kyvo entra com um perfil de processos mais centrado no humano e o CESAR com o trabalho em tecnologia.
“Nós entendemos que é o momento ideal de entrega de valor para o mercado de CVC e CVB, e as corporações têm dificuldade para se inserir nesse cenário e para chegar a soluções com vantagem competitiva. A Arbos é a união de uma Kyvo bastante especializada com o CESAR, que é um centro de ciência e tecnologia altamente reconhecido no Brasil e no mundo”, diz Hilton Menezes, CEO da Kyvo.
A forma como empresas tradicionais fazem inovação passou por uma série de transformações recentes. Na década de 90, era um processo que acontecia de forma vertical nas corporações, em laboratórios internos. Esse modelo, que produzia novas tecnologias e muitas patentes, mas quase não levava novidades ao mercado, aos poucos deu lugar à cooperação entre empresas.
“Foi uma revolução. Inovação aberta e colaborativa diminuía custos, diminuía o risco e ampliava a contribuição de pessoas de várias outras áreas. No início dos anos 2000 as empresas começaram então a abrir os problemas para acelerar alguma solução. E chegamos aos dias de hoje, em que soluções são construídas junto com startups ou em cooperação com as universidades, por meio de ICTs”, conta Eduardo.
Em processos colaborativos, compartilha-se o desenvolvimento e a manutenção de determinado produto ou serviço – e compartilha-se também os custos. É o que torna atrativo investir em uma empresa que está começando e, a partir daí, surgiram CVC e CVB. Para Eduardo, é um nível de maturidade de inovação que pouquíssimas empresas têm, mas que é muito interessante em termos de negócio. A corporação investe em startups ou em pesquisadores com a capacidade e o interesse em resolver determinado problema – e esses grupos, por sua vez, originam empresas que desenvolvem e mantêm a solução, o que confere a ela permanência e longevidade.
Hilton lembra que, em 2022, assistimos ao enxugamento de startups, para entregar o resultado efetivamente exigido pelo mercado. Na contramão, o mercado corporativo amadureceu e passou a trabalhar com fundos de investimento com uma tese de inovação para novos negócios.
“Então a gente viu um mercado corporativo criando estratégias mais avançadas de investimento em inovação, que são o CVC e o CVB. Agora, quem vai ajudar essas corporações no desenvolvimento estratégico, tático e operacional de inovação? Esse é o papel da Arbos: ajudar a corporação a mapear os principais desafios que tem em inovação e a definir e criar programas de inovação aberta”, explica.
A Arbos foca na entrega de uma estratégia completa de desenvolvimento de inovação aberta e pode formar squads sob demanda, a partir da alocação de especialistas técnicos de acordo com a necessidade da corporação, para ajudar com seus desafios e projetos. A partir da parceria entre CESAR e Kyvo, mais de 1300 especialistas em tecnologia, design, inovação e negócios podem ser mobilizados para trabalhar com a construção de uma jornada de inovação para qualquer corporação, de qualquer natureza e nível de maturidade.
Além do grande corpo técnico, a Arbos opera um mapeamento de bases de dados, a partir de Inteligência Artificial, para promover conexões mais assertivas na jornada de investimento ou criação de startups. Segundo Eduardo, é um processo de matchmaking:
“Com um modelo de CVC e CVB, a gente surge para juntar quem tem o problema com quem pode oferecer uma solução. E, nessa parceria, vamos ajudar a criar ou acelerar uma startup que não atende só o interesse de um, mas de muitos”, conta. Assim, a startup pode ou não já existir, em diferentes estágios de maturidade.
O CEO do CESAR explica que, em modelos mais tradicionais, o investidor olha só para o crescimento financeiro da empresa, mas com modelos de CVC e CVB, ele passa a olhar para o sucesso da construção da solução. Isso torna a parceria também mais confortável para a startup, que pode focar na qualidade do produto ou do serviço e não na exigência de crescimento rápido.
Para corporações que imaginam que investir em uma startup é mais arriscado, Eduardo lembra que, normalmente, é uma opção mais barata do que fazer um investimento interno, além de abrir um maior leque de opções para uma solução em potencial.
“Às vezes você tem um problema que é importante, mas não é o seu core business. Principalmente quando se fala em dar uma retribuição social, é comum que empresas não saibam como. É aí que a Arbos pode ajudar”, diz.
Para além da inovação, a Arbos se volta para os impactos sociais e ambientais das soluções construídas pelas corporações. Segundo Hilton, a inovação tem que olhar para o planeta, para as pessoas e depois os negócios, nessa ordem, mas são poucas as empresas que conseguem operar com os três componentes.
“Então a nossa parceria com o CESAR traz todo um arcabouço de tecnologia e de negócios voltado para esses três pilares. A Arbos vai ajudar empresas a desenvolver negócios que realmente gerem impacto positivo para o planeta, impacto social positivo para as pessoas e que seja sustentável, com responsabilidade financeira”, diz o CEO da Kyvo.
Ele explica que uma das pontas desse trabalho é conseguir mensurar o impacto socioambiental que já esteja presente dentro dos programas das empresas – algo que muitas vezes já existe, na prática, mas que as corporações não têm expertise e nem instrumentação para medir. Muito mais que isso, é um trabalho extenso de ajudar empresas a regenerar e corrigir degradação ambiental e social, algo que vai além do convencional trabalho de apenas equilibrar ações negativas com ações positivas.
“Esse é o futuro que a Arbos quer criar: olhar para inovação pensando no que a gente pode transformar, não só copiar modelos eurocêntricos e norte-americanos. Chegou a hora de dar um passo a mais. Que a Arbos sirva não só para fomentar boas práticas, mas para de fato modificar o que o mercado pensa sobre inovação”, diz Hilton.