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“Seguindo 6 valores simples, buscamos fazer as coisas da forma correta”, diz líder da 3M de Ética e Compliance

Cláudia de Castro Lima / 3 fev 2022
Adriana Bittencourt é líder para a América Latina de Ética e Compliance na 3M
Cláudia de Castro Lima - 3 fev 2022
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Seja bom, seja honesto, justo, leal, preciso e respeitoso. Os valores do Código de Conduta da 3M são tão simples quanto conselhos de pais e avós. E valiosos na mesma medida.

Ética é um tema que cada vez mais ganha espaço nas corporações, não importa se são globais como a 3M ou pequenas como uma start-up. Ela vem na esteira da importância crescente do ESG, sigla para meio ambiente, social e governança.

“A ética não está só no ‘G’, de governança, que abriga compliance”, diz Adriana Bittencourt, líder para a América Latina de Ética e Compliance na 3M. Ela menciona que a palavra deriva do verbo em inglês “to comply” e significa “cumprir com algo” – nas corporações, mais especificamente, compliance é cumprir com leis e normas internas da empresa.

Para Adriana, no entanto, a ética vai além disso, e está também nas outras duas letrinhas.

“Quando pensamos em uma empresa ética, pensamos em uma organização que respeita a comunidade que está em seu entorno, seus consumidores, as leis aplicáveis às suas atividades e que também se preocupa com o futuro do planeta e com o impacto de suas ações.”

Com 24 anos de 3M, a brasileira Adriana assumiu em 2020 a liderança da área de Ética & Compliance em toda a América Latina. Baseada hoje no México, ela concedeu a entrevista abaixo para falar um pouco mais sobre a importância desse tema não só nas corporações, mas em nossas vidas.

Você tem mais de duas décadas atuando na área legal da 3M e há dois anos assumiu a liderança do departamento de Ética & Compliance na América Latina. O que fez você dedicar parte de sua vida a questões ligadas à ética e governança corporativa?
Fazer faculdade de Direito foi minha terceira opção, mas minha mãe me orientou a optar pela área porque dizia que eu tinha um senso de justiça muito forte desde pequena. Entrei na 3M como estagiária, na área jurídica.

Em 2017, veio a oportunidade de mudar para a área de Ética e Compliance, departamento onde se reforça ainda mais esses valores de fazer o que é o correto, o justo.

Em muitos países da América Latina, há a realidade da corrupção. E o objetivo da área é proteger a companhia em relações que podem expô-la. Me satisfaz muito poder orientar, ajudar e fazer as coisas dentro da cultura da 3M, que é fazer tudo da maneira correta.

Hoje se fala muito em ESG no mundo corporativo. O que ESG tem a ver com empresa ética?
Se a gente pensar no que hoje em dia a sociedade espera das empresas, a parte ética não está só no ‘G’, na governança, que é onde mais vemos Compliance. Quando pensamos em uma empresa ética, pensamos em uma empresa que respeita a comunidade que está em seu entorno, seus consumidores, as leis aplicáveis a suas atividades. Ela precisa se preocupar com o futuro do planeta, com os impactos positivos que deve gerar.

O lucro não é mais o único objetivo. A sociedade espera das empresas o retorno de valor ao ambiente, à comunidade.

Espera-se que empresas tenham valores morais, éticos, sempre na direção de buscar fazer as coisas do jeito certo, gerar o menor impacto possível com suas operações no meio ambiente e contribuir ao máximo com o desenvolvimento social. Uma empresa ética é aquela que trabalha em cultura, em processos, em relacionamentos saudáveis com clientes e fornecedores, em tecnologias, em diversidade, equidade e inclusão, gerando coisas positivas à sociedade, aumentando seu bem-estar. Ética está em todas as letras do ESG.

Por que temos ouvido falar tanto de Ética e Compliance?
Eu acredito que é porque a população em geral, principalmente em países que têm maior nível de corrupção, já está saturada. O povo se cansou de ver tanta coisa errada, de ver alguém se beneficiando em detrimento de outros da maneira incorreta e isso gera sentimento de injustiça.

No Brasil, a gente foi crescendo em torno de uma cultura complacente, que virou a cultura do jeitinho. Isso não é algo para se ter orgulho.

Muita gente pensa que a falta de ética na América Latina é coisa dos políticos, que só eles são corruptos, e se esquecem de seus próprios atos diários. Ainda bem que a grande parte da população não é assim, mas uma parcela acha que práticas antiéticas não fazem mal no dia a dia. É aquela história do espertalhão que, em vez de esperar em um semáforo para virar à direita, como todos os outros fazem, vem cortando todo mundo pela esquerda e mete o carro na frente de quem está ali parado, esperando o semáforo abrir. Esse é um ato antiético.

É antiético querer levar vantagem sobre os outros, não importando impactos e as consequências.

Já vivi no Chile, agora estou no México e tenho muito contato com outros países da América Latina porque trabalho com eles, viajo para eventos ou palestras, e isso acontece em vários locais. É triste que vigore em muitos espaços uma cultura de pensar no individual e não no coletivo, e que não pensemos nos impactos que isso gera aos outros. Mas a sociedade, de pouco em pouco, está amadurecendo. E a maioria da população é correta e está ficando cansada desse tipo de atitude.

Mudar a cultura é um trabalho de formiguinha, porque às vezes damos dez passinhos e retrocedemos cinco, por causa da resistência daqueles que não querem a mudança.

Mas isso é um sistema e não podemos desistir. Temos que ensinar nossos filhos que certas coisas que a gente vê acontecer não são corretas. E que se a lei estabelece que tem que ser feito de tal maneira, então façamos de tal maneira. A solução não é buscar um jeitinho, ganhos pessoais ou formas espúrias de agilizar as coisas. Esse processo de educação tem de sair de nossas casas, da iniciativa privada e também envolver os governos. Se esperarmos para que o governo faça a coisa correta antes de todos nós, vamos continuar na mesma situação. É necessária uma mobilização ampla de toda a sociedade.

A 3M é reconhecida como uma empresa com práticas sólidas de compliance. Quais são os pilares mais importantes que a fazem uma empresa ética?
Institucionalizamos há cerca de três anos entre nossos elementos de cultura a “integridade inabalável”. Mas, antes disso, a conduta ética dos funcionários já fazia parte de nossos “Comportamentos da Liderança”. Se voltarmos ainda mais no tempo, a 3M sempre teve uma posição de “contrate pessoas boas e deixe-as trabalhar”. Isso significa que a pessoa deve ter um nível de autonomia e responsabilidade para poder trabalhar sem supervisão intensa. Com esse conceito, ela sabe também que errar faz parte e que aprendemos com ele.

Mas, quando a 3M fala sobre erros, quer dizer erro com boa-fé. Ou seja: cometi um engano, um erro por desconhecimento.

Não é um erro que cometi sabendo que estava errado e lá na frente eu me desculpo. É preciso tomar cuidado quando se fala “faço primeiro e peço desculpas depois”, porque um pensamento desse pode esconder a intenção de fazer algo errado.

A 3M tem seu Código de Conduta desde 1988, enquanto a maior parte das empresas somente começou a criá-los nos anos 2000.

Existe uma preocupação da companhia de estabelecer princípios básicos, expectativas e orientações de como seus funcionários devem se comportar no ambiente profissional e no mercado. Várias dessas expectativas só reforçam o que a legislação coloca: competir no mercado de maneira leal, comunicar conflitos de interesse, respeitar informações confidenciais de seus clientes e da empresa, inclusive de seus concorrentes.

Ou seja: a empresa espera que seus funcionários tenham lealdade com a 3M na tomada de suas decisões, que não sejam influenciados por outros interesses.

Se olharmos os seis valores do Código de Conduta da 3M, percebemos que são basicamente os mesmos que aprendemos em casa: seja bom, correto, justo, leal, preciso, respeitoso. A empresa ser reconhecida mundialmente como ética se deve ao fato de termos mais de 90 mil funcionários que pensam e vivenciam os mesmos valores da companhia. Seguindo esses valores simples, conseguimos fazer nosso trabalho e manter nossa relação com o mercado, com os clientes, com o governo e com a sociedade de maneira transparente e correta.

Como a 3M consegue engajar seus funcionários para seguirem sempre a direção correta de se fazer negócios estipulada em suas normas, políticas e procedimentos?
Nosso Código de Conduta tem aplicação global, vale para todas as nossas empresas, afiliadas e subsidiárias. É a base da nossa estrutura. Meio caminho já está andado quando os funcionários vivenciam os mesmos valores. A outra metade vem do próprio funcionário ter essa intenção de trabalhar corretamente, de modo transparente e justo.

A política de portas abertas da 3M ajuda bastante a sentirmos liberdade de procurar os supervisores, os líderes da companhia, sempre que acharmos necessário.

Há hierarquia, claro, mas ela é administrativa, e não conceitual. Se eu precisar falar com a presidente da subsidiária, não importa se eu for advogada júnior ou gerente sênior, tenho total liberdade para isso. Isso faz toda diferença. Faz com que os funcionários se engajem, queiram proteger a companhia. É uma via de duas mãos: ambos dão e cedem um pouco. Sabemos que há aqui um ambiente seguro, saudável e que qualquer tipo de retaliação não será tolerada.

A KPMG lançou recentemente um relatório chamado “Pesquisa Maturidade do Compliance no Brasil 2021”. Ele revela que 15% das empresas não têm um Comitê de Ética e Compliance estabelecido. O que é preciso para que as empresas evoluam em questões de governança?
Não conheço este relatório, mas quando pensamos em grandes empresas ou multinacionais, de 10 anos para cá, elas têm formado sua área de governança. Pode ser que algumas não tenham um Comitê de Ética e Compliance estabelecido com esse nome, pode ser um Comitê de Crise ou um comitê formado pela própria diretoria.

Mas mais importante do que ter um Comitê de Ética e Compliance é saber como essas empresas lidam com questões relacionadas à ética e compliance.

Tem quem decida, quem revise, quem apoie o funcionário? Há casos de denúncias, para onde mandam essa informação? Há uma segregação de função – quem recebe a denúncia é o mesmo que investiga, é o mesmo que toma decisão de uma medida disciplinar? Este é um país bem heterogêneo, com tamanhos diferentes de empresa, por isso é válido tentarmos entender a estrutura de cada uma e seus valores.

Toda empresa pode – e deve – ter, dentro de seus valores, trabalhar de maneira ética e em cumprimento com as leis e normas que lhes são aplicáveis.

Mas é preciso saber como lidam com esses temas e estabelecer processos. Quando olho para os países da América Latina, vejo o Brasil muito mais adiantado nessa realidade de ter comitê de ética, de ter departamento ou funções de Compliance. No México, isso está começando, a legislação é de 2017 [no Brasil, a Lei Anticorrupção é de 2013], então é comum ver vagas de posições na área sendo abertas nas empresas.

Segundo o Índice de Percepção de Corrupção que saiu recentemente, o Brasil e a maioria dos países da América Latina não apresentaram evolução no ranking – pelo contrário, vários caíram.

[Realizado pela ONG Transparência Internacional, o estudo mostra o Brasil no 96º lugar entre 180 países, com 38 pontos de 100 – sendo que 0 significa “um país altamente corrupto”]. Ele mostra que cada um está num momento de maturidade da percepção das pessoas em relação à corrupção em seus países. É provável que as empresas no Brasil estejam mais avançadas no que se refere a ter profissionais de Compliance e Comitês de Ética em suas estruturas por causa de todos os escândalos de corrupção que tivemos nos últimos anos, que fizeram a população pressionar pela criação de leis mais rígidas.

Como funciona a iniciativa de Empresa Pró-Ética, promovida pela Controladoria Geral da União em parceria com o Instituto Ethos, que tem como missão ajudar as empresas a gerirem seus negócios de forma socialmente responsável?
O processo para ser reconhecida como uma Empresa Pró-Ética começa com questionários qualitativo e quantitativo do Instituto Ethos que as empresas candidatas ao selo têm que responder. Depois, se abre a candidatura para o programa. Juntos, CGU e Ethos trabalham nessa avaliação.

O questionário é bem minucioso, tem muitas perguntas e exige muitas evidências para a avaliação do programa de ética e compliance da companhia.

A CGU e o Ethos verificam como a companhia trabalha o tema, se tem política própria e está em português, se a alta liderança o pratica também, se há na organização um responsável por Compliance, se esse responsável é atuante na empresa, se dá treinamentos, além de solicitar algumas informações mais confidenciais, como o budget que a empresa dedica à área e várias outras coisas. Envolvemos, ao todo, mais de 28 colaboradores para fornecer evidências.

O que significa para a 3M ser, pela sexta vez consecutiva, uma Empresa Pró-Ética?
É um orgulho poder ser reconhecida pela sexta vez. Sinal de que nosso programa apresenta robustez suficiente para garantir processos e que estamos corretos na maneira como atuamos no mercado e como nossos líderes se posicionam. A iniciativa começou em 2010 e já é um legado que eu e minha equipe, que assumimos em 2020, nos sentimos na obrigação de manter. É também uma oportunidade para reviver e relembrar tudo o que o programa da companhia representa, além do reconhecimento do trabalho e da cultura de nossos funcionários, líderes e parceiros comerciais, que conhecem e compartilham de nossos valores. O reconhecimento final é como nossos clientes nos enxergam.

O que você destacaria com relação à importância da conduta ética não só na 3M, mas na sociedade como um todo?
Acredito que todos nós temos que fazer a nossa parte. Como eu me comporto no dia a dia, como trato o atendente da loja, como dirijo, isso tudo fala muito sobre quem sou. E é assim que identificamos se somos pessoas éticas ou se abusamos de nosso poder, de nossa condição socioeconômica. Como sociedade, ainda temos muito que fazer. No geral, não basta olharmos para o que é bom para nós, e sim também para nosso entorno, para a coletividade. Tenho que me respeitar, mas também o outro, não abusar das situações e buscar sempre ser justa.

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